quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sobre assenso de massas


Neoliberalismo gera individualismo na população. 
Olala,

Polemizei com colegas de diversas matizes o que significa hoje mobilização de massa. Já escrevi neste espaço que vivemos tempos em que há o refluxo das mobilizações, com o desaparecimento dos atos unitários ou coletivos dos movimentos sociais.

Disse e já escrevi que o Brasil ficou mais distante de uma revolução proletária. E razões não faltam para esta assertiva. O descenso das massas é decorrente de dois fatores, ao meu ver: primeiro é resultado concreto das políticas neoliberais iniciadas nos anos 90 e que, vieram acompanhadas do fim do muro de Berlim e da abertura de Cuba à sociedade de consumo. Ficou mais difícil defender a revolução proletária e os princípios do socialismo numa sociedade embebida pelo transformismo que preconiza melhorias sem reformas estruturais pela base.

Segundo, a existência de governos populares como o de Lula e Dilma, que garantem benefícios sociais como casa, universidade, bolsa família, e associados a uma situação de baixo desemprego, geram condições impróprias para a mobilização de massa.

Sabe-se que o Brasil ainda vive uma situação inferior a muitos países, com índices elevados de analfabetismo, falta de infraestrutura indicadores sociais não compatíveis com o mundo desenvolvido, mas aceleramos a caminhada na última década.

Embora alguns sonhem com revoluções, a realidade hoje é outra e demanda táticas e estratégias que já não se apoiam em grandes manifestações.

Pense nisto, enquanto há tempo!

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3 comentários:

Anônimo disse...

Sommacal,
Me permite fraternalmente discordar de você. Se não haveremos mais de ter "manifestações com peso popular" e que tempos de luta de massas não mais voltarão, estaremos lascados. A não ser que o nosso horizonte seja simplesmente realizar melhorias em nossa sociedade, sem a perspectiva de construir um caminho de transformações estruturais. A sociedade brasileira é caracterizada historicamente pela profunda desigualdade social, pela democracia restrita e pela dependência externa. A constituição do capitalismo em nosso país incorporou este padrão histórico, pela natureza do seu desenvolvimento. Por isso, queiramos ou não, em determinados momentos históricos, assistiremos o ascenso da luta social.
E do lado de lá, historicamente, há um comportamento determinado a manter este padrão. Aliás, como estamos presenciando, mesmo produzindo melhorias, que a rigor não tocam na estrutura de poder das classes dominantes, assistimos à uma reação virulenta da burguesia e de seus aliados.
E se olharmos com atenção, por outro lado, perceberemos que presenciamos um período de retomada da luta social nos últimos anos. O número de greves e de trabalhadores envolvidos cresceu. O artigo da Jandyra, em nossa revista, Esquerda Petista n° 02, demonstra isso com dados. Em 2003 o número de greves foi de 340. No ano passado foi de 873. Acredito que seja um indicativo nada desprezível para identificarmos tendências na luta popular. No entanto, a CUT e o sindicalismo ainda possuem muitas dificuldades em transformar esse ascenso em organização sindical. As lutas urbanas por melhores condições de moradia, transporte estão se agudizando e se multiplicando. As ocupações em torno da luta pela moradia em Porto Alegre também evidenciam isso. A questão é como o PT irá se comportar frente à elas?
Você diz que "Hoje, com casa garantida, prouni/fies facilitados, bolsa família, desemprego reduzido, fica dificil o cidadão ir às ruas na mobilização popular por aquilo que falta. quando governos avançam nos direitos sociais, a mobilização popular fica mais fraca." Interessante observar que nas manifestações de massas, que ocorreram em junho do ano passado, contaram com uma presença marcante de muitos jovens que tiveram acesso ao ensino superior ou ao emprego recentemente. Ou que o ascenso no número de greves está relacionado com a redução do desemprego.
Por fim, você afirma que "a realidade hoje é outra e demanda táticas e estratégias que já não se apoiam em grandes manifestações". Creio que justamente é o oposto. Atualmente, se a esquerda não reatualizar sua estratégia, e levar em devida importância a necessidade e a existência das lutas populares para avançar nas transformações, estará caminhando para a derrota.
Abraços, (Marquito)

Anônimo disse...

Avante Marquito,
Já que temos tempo e ainda estamos lpucidos, continuemos o bom debate.
Como Mestre (ou doutor?) em História, gostatia que você esclarecesse mais seu conceito "que articule a luta institucional, com luta social".
- Pergunto: que instituições você acha que hoje (ou no futuro) defendem a mobilização de massas?
- Não há uma dicotomia: luta institucinal x luta social, quando, na verdade é uma luta só?
- O que é luta institucional para você?

Anônimo disse...

Sommacal,
quando faço referência à luta institucional, me reporto à luta nas instituições do Estado: parlamento, executivo, judiciário... Ao meu modo de ver, a luta institucional, a luta social, ideológica, política são diferentes dimensões de uma mesma luta, que deviam estar articuladas entre si e serem partes integrantes de uma mesma estratégia. O que percebo é que uma maioria no PT, há um bom tempo, vem construindo uma lógica que se apóia na luta institucional, mas terceiriza a luta social, ou deixa de construir uma linha de que as mobilizações sociais possam ser um ponto de apoio importante para construir avanços.
Um abraço, (Marquito)

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