sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Revisionismo histórico

Olala,
As sociedades têm o direito de renomear locais públicos.
Emerge nos últimos dias o debate sobre a troca de nome de uma importante avenida que dá acesso a Porto Alegre.  A proposta visa alterar a avenida Castelo Branco para se chamar avenida da Legalidade e Liberdade.
O debate enseja o direito de uma comunidade alterar registros de logradouros  públicos de tempos em tempos. É o chamado revisionismo histórico que permite "reescrever" a História a partir do pensamento hegemônico cultivado especialmente pelos governantes. Observa-se que todos os locais públicos acabam sendo nominados conforme a ideologia dominante na época e com vistas a perpetuar fatos ou personagens cultuados pelos governantes.

A prerrogativa do revisionismo histórico cabe preferencialmente aos poderes Executivo e Legislativo, justamente por serem os poderes de Estado considerados legítimos, mas qualquer cidadão pode encaminhar ao Legislativo proposta de nominar ou alterar logradouros.

No tempo da ditadura as comunidades foram vilipendiadas no direito de nominar logradouros. Cito como exemplo desta aberração as alterações efetuadas no período da Segunda Guerra Mundial que determinaram a troca de nomes de cidades fortemente marcadas pela colonização italianas e alemã.  O fato de países como Alemanha e a Itália não serem aliados do Brasil, levou o governo brasileiro a trocar os nomes de cidades. Mas, não foram só as cidades que trocaram de nomes, muitas ruas, avenidas, prédios públicos como escolas acabaram nominadas com personagens alheios à realidade local. Assim Nova Trento  mudou para Flores da Cunha, Nova Vicenza virou Farroupilha e Sede Dante, Caxias do Sul.

Mas há casos alienígenas que ficam cristalizados nos locais. O que faz, por exemplo, uma escola estadual em Viamão se chamar Walt Disney se este personagem jamais pisou em solo gaúcho?  

Não há dúvida que quem domina tende a perpetuar nomes ligados à seus ídolos. Quem é pobre ou não está no poder, quase sempre é esquecido.  Em Sapiranga, por exemplo, o casal João Jorge e Jacobina Maurer lutavam no final do século 18 para que a população rural fosse assistida pelo poder público. O império sufocou a revolta matando os seguidores. Mas, para meu espanto, ao chegar à cidade, encontrei lá o busto do coronel Genuíno Sampaio que dá nome á praça e é nome de uma das maiores escolas no município, justamente o carrasco que comandou o fuzilamento aos Mukers. 

A Constituição avançou ao proibir que personagens vivos dêem nome a logradouros públicos. A proibição deveria valer em todo o país, inclusive no Maranhão onde a família de um senador tem nomes gravados em muitos espaços públicos.

Entendo que o revisionismo se faz necessário e deve possibilitar que a cada época possa registrar e alterar os nomes dos logradouros. Isto permite cultuar personalidades ou fatos que servem de exemplo para gerações.
Pense nisto enquanto há tempo!
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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O eleitor brasileiro


O eleitor brasileiro vota com o coração e não com a razão. Testemunos atraem mais do que dados.

 
Olala,
O episódio da morte de Eduardo Campos sacudiu a eleição. Provocou uma alvoroço na disputa eleitoral tanto nos cargos de presidente como na disputa dos Estados.

Particularmente no Rio Grande do Sul, também balançou a disputa ao Senado, com a entrada de Pedro Simon, depois que o deputado federal Beto Albuquerque foi guindado ao cargo de vice-presidente da república na chapa encabeçada pela Marina Silva.
O sobe-e-desce nas pesquisas mostra a flutuação do voto do eleitor. Como explicar que Eduardo e Marina, juntos, hibernavam nos 9% de preferência do eleitorado e, agora, com Marina na cabeça, salta para 29%?

Meu filho me liga de São Paulo, o coração da eleição, para me dizer que Marina está despontando por representar um sentimento muito comum entre os brasileiros: o de se sensibilizar com os mais fracos. De certo modo, ele tem razão pois o perfil do eleitorado brasileiro se guia pela emotividade e não pela razão. É mais coração e menos cérebro.
Repete aquilo que vemos nos estádios. Vaia as autoridades e torce pelo time mais fraco. Somos uma cultura onde a solidariedade se manifesta mais forte entre os pobres. E isto se expressa na eleição. A voz calma e quase embargada da frágil Marina contrasta com o formalismo de Dilma e a arrogância de Aécio.

No campo político, nem sempre vence quem tem a melhor proposta, pois o componente emocional nem do eleitor nem sempre se pauta pela racionalidade das propostas. As pesquisas mostram há 30 dias da votação que nada está decidido e a flutuação do voto que é obrigatório, indica campanhas cheias de incertezas.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Lógica mental

Cérebro humano guarda mais fácil mensagens com reprodução lógica. Justo o que muitas propagandas não fazem.

Olala,
Passei a minha vida ajudando a construir propagandas eleitorais.  Sou do tempo do chilchê e da montagem de nomes e frase tirados da gaveta da Caixa Alta (maiúsculas) ou da Caixa Baixa (minúsculas).

Todas as propagandas eleitorais seguiam uma lógica. E a lógica passada ao eleitor é a da ordem de votação.

Antigamente era a urna de pano que recebia os votos, escritos ou assinalados com um “x” quando a escolha se dava na majoritária.

Mas, o Brasil mudou e avançou. Hoje a votação é eletrônica com o eleitor digitando o número dos candidatos numa ordem preestabelecida pelo TSE.

Chama-se atenção que muitos candidatos, não seguem a lógica do voto para a propaganda.  Ou seja, o correto seria apresentar os candidatos na seguinte ordem: deputado estadual, deputado federal, senador, governador, presidente. 

E tem mais, na leitura publicitária, esta sequência tem que ser feita iniciando na esquerda para a direita. Por exemplo, um deputado que inclua as logos das majoritárias, terá que colocar o senador, antes do govenador, antes do presidente.

Boa parte das dobradas entre os deptuados estão com posicionamento errado. Quando dois deputados são apresentados ao eleitor deveria-se observar o sentido do voto. Primerio o estadual, depois o federal, ou seja à esqueda do impresso o estadual e à direita o federal. Numa exibição inversa, o eleitor que seguirá esta lógica, encontrará na urna eletrônica o pedido deconfirmação da legenda e ambos perderão o voto, se não houver atenção e correção no momento de confirmar o voto.

Este erro publicitário cristalizado nas propagandas de rua e nos impressos, com certeza farácom que alguns candidatos percam o voto pela legenda. É por causa da propaganda mal posicionada que toda aeleição os incautos se surpreendem com tantos votos na leganda do partido.

Pense nisto, enquanto há tempo!

Sentimento de perda

Somente um pai presente gera imagens como a do filho de Eduardo Campos.

Olalá,
Não sei se dá para medir, mas fica visível que quando uma família está unida, o sentimento de perda de um dos membros gera situações comoventes.

Na última semana assistimos à partida prematura do Eduardo Campos, esposo e pai de cinco filhos, numa escala de dois a vinte anos.

Foi dolorido ver os filhos do militante político esperar pela angustiante chegada do pai depois do acidente aéreo onde pereceram também outras seis pessoas.

Deu para perceber que, talvez pela condição econômica e pela necessidade de preservar a herança política do neto de Miguel Arraes, a família de Eduardo Campos tenha  se beneficiado de condições de vida e emprego, como poucas famílias.

Mas, há um sentimento que não discrimina pessoas quando um ente querido se vai. A morte reduz os sentimentos à humildade da condição humana e nos faz iguais na dor.
Pude captar a serenidade e o semblante triste, mas não desesperador, de um filho de Eduardo no momento em que, rente ao caixão onde estão restos do pai, estende os braços e por momentos deseja perpetuar seu calor.

Somente um pai que marcou a vida de um filho é capaz de um gesto tão simples e, ao mesmo tempo, tão profundo que registra a partida de alguém que marcou a vida de um filho. Senti orgulho daquele gesto porque revelou um sentimento que deveria ser comum entre humanos.

Não tenho dúvidas, que se teve abreviada a  carreira política, Eduardo Campos deixou um legado que orgulha quem ainda acredita no valor da família.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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