Lava Jato revela necessidade de reforma política. |
Tenho acompanhado a história política de meu país e colhido algumas conclusões. A democracia é exercida no limite das ações políticas alicerçada por inúmeras leis. O aparato legal, ao meu ver, gera muitas deformações da atividade política.
Nossa democracia é frágil pois está assentada em bases pouco éticas. A expressão desta imaturidade se revela na existência de 32 partidos. Decididamente não há 32 programas em disputa. Há 32 siglas que funcionam como agências partidárias que negociam para barganhar mais ou menos em nome de pequenos grupos.
Parte da instabilidade política vivida no Brasil de hoje tem origem na deficiente legislação eleitoral que deixa as campanhas desiguais obrigando muitos partidos e candidatos a ter dificuldade de suportar a disputa.
A sobrevivência de partidos e candidatos se dá sobre bases de financiamentos cujas regras não são claras e que permitem a existência de recursos oriundos de fontes pouco confiáveis. O conteúdo das denúncias da operação lava jato que envolvem empreiteiras, políticos e a Petrobras se insere neste contexto. A presidente Dilma, auxiliada pelos órgãos de fiscalização do Estado, acaba por tornar público aquilo que acontecia há anos na maior empresa pública do país: o uso de dinheiro público não contabilizado legalmente financiando campanhas e contribuindo para que políticos chegassem aos cargos.
O Brasil só sabe do escândalo do uso de dinheiro da Petrobras porque a presidenta deu carta branca às instituições para investigar. A Justiça serviu-se de delatores para desvelar o esquema que beneficiou empresas, pessoas e políticos. A lista dos envolvidos mostrará ao país que vive-se numa imaturidade política e que nossa democracia ainda é frágil.
Somente um reforma política pode por fim à corrupção. Mas, como fazer uma reforma política se os partidos que integram o atual Congresso estão envolvidos e seus militantes os beneficiados da atual situação de promiscuidade?
Pense nisto, enquanto há tempo!
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