Estado deve e servidor não recebe. Cadê a justiça? |
Cresci ouvindo meus avós e pais falando mal do governo. Filho de descendentes de italianos, demorei a entender porque a lamúria tomava conta dos meus genitores.
Lendo a história do processo colonizatório, percebi que os imigrantes foram maltratados pelo governo provincial. Deserdados e considerados como estranhos no Brasil, foram jogados em terras dobradas de mata áspera da região serrana onde tinham que provar a sobrevivência. Não se pense que receberam as terras de graça como é hoje. Na época, o antigo Incra que se chamava Inspetoria de Terras do governo provincial tinha a tarefa de demarcar sumariamente os lotes que eram vendidos aos colonos. E, em prazos definidos, de até 25 anos, todos acabaram pagando pela terra. Imaginem as promissórias devidas ao Governo nos primeiros anos de colonização. Cada um se via acuado longe da sua pátria, tendo que provar que sabia honrar o compromisso e pagar a dívida.
Para quem não acredita, é só ir até o Memorial do RS e consultar o Livro Tombo que registra os valores pagos por cada colono assentado nas linhas da Serra.
Hoje, os tempos são diferentes. Um gringo da Serra está no Governo e quem está dando o calote é o Governo. Ao aprovar lei que isenta o Estado do pagamento de dívidas com os servidores, o Governo desonra sua relação com os cidadãos. Perde o crédito. Fico pensando o que aconteceria se o devedor fosse o cidadão.
Quando o Estado não dá o exemplo, e não paga o que deve, estamos diante de um dilema: ou a lei é injusta e precisa ser mudada ou o Estado é gerenciado na ilegalidade.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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