Olala,
Conheci Ariano Suassuna, numa ida à Recife, na década de 80. Confesso que tive deste personagem esguio a maior das impressões. Na oportunidade ele dirigia um espetáculo chamado “Figural” que retratava o drama do homem nordestino. E, bem lembro que a peça de hora de duração não continua uma palavra sequer.
Achei fantástico um artista manter uma plateia ligada durante tanto tempo e abordando temas apenas com o recurso de instrumentos sonoros nascidos no rude agreste.
Pois, Ariano Suassuna, aos 87 anos nos deixa. Vítima de um AVC deixa um legado de obras literárias que viraram peças cênicas que retratam o quotidiano do povo sofrido do Nordeste. Sua obra, talvez a maior, “O auto da Compadecida”, foi reproduzida e recriada nos palcos e tornou-se referência internacional. Ariano fez poesia, teatro e ficção de muita qualidade centrando sua contribuição no movimento armorial criado por ele para destacar as virtudes do povo nordestino.
Lembro que ele tinha um humor na fala capaz de servir para conscientizar multidões em auditórios fechados onde animava apenas pelo recurso da voz e do microfone. Amado por gerações, toda a palavra dita pelo poeta recebia um tom de sátira com os temas do dia-a-dia.
Ele tinha a capacidade de falar sério brincando com as palavras. Sem deixar de ser universalista criticava o excesso de modismos importados que acabam no mundo das artes delapidando a cultura original dos povos.
Ariano se foi. Fica o testemunho de uma pessoa que fez a diferença na luta pelas raízes populares. Pense nisto, enquanto há tempo!
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário