quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cêmeras espionam professores


Ao lado, gestor observa no telão de sua sala como anda a aula de um professor na sua escola.

Olala,
Estou cada vez mais furioso com as investidas dos tecnocratas neoliberais que querem acabar com a ética.

Leio uma notícia na internet que deve deixar de cabelo em pé todos os democratas e profissionais da educação. Uma escola inglesa implantou um verdadeiro "Big Brother" na sala de aula. Professores ingleses tem as aulas filmadas.

A obsessão com a avaliação do desempenho dos professores está enlouquecendo os neoliberais. É o mesmo vírus que se espalha lá e aqui. Quanto mais ineficazes os governos para reparar as desigualdades sociais e da pobreza, mais os professores e suas organizações são alvo da fúria neoliberal.

O Governo de Gordon Brown mandou instalar câmaras de vídeo, com visão de 360 graus, para espiar o trabalho dos professores dentro da sala de aula. Algumas câmaras de vídeo são tão poderosas que conseguem dar a ver as palavras que os alunos escrevem nos cadernos. A aberração é tamanha que aulas são gravadas em DVD pelos gestores e servem, depois, de modelo em workshops de formação. Os sindicatos de professores ficaram furiosos com mais uma medida que exerce uma pressão intolerável sobre os professores. Alguns especialistas em supervisão e avaliação de desempenho já divulgaram as suas reservas face ao método utilizado. Outros afirmam que é preferível filmar a aula do que ter a presença de um supervisor na sala. E há até quem diga que gosta de ser filmado enquanto dá aulas. Justificação: o vídeo permite corrigir práticas erradas.

Do jeito que a coisa anda, daqui a pouco, nossos alunos não terão mais aula presencial. Tudo será passado através de um telão instalado em cada sala de aula e com os professores se revezando numa central da escola diante de um set de filmagem.

No RS já pensaram em contratar uma empresa para avaliar os professores no seu estágio probatório. Imaginem, o professor estuda quatro anos numa universidade, faz concurso e passa, faz uma bateria de testes para ingresso, chega na escola e é jogado numa sala, só tem acesso ao "xerox" para fazer as provas, não tem acesso a computador, a datashow, engole giz, recebe o primeiro minguado salário somente três meses depois porque a burocracia é lenta e, após três anos de trabalho vem um executivo e lhe diz: tchau! boa viagem!, você é culpado pela má educação! Você não serve! E chama-se outro e mais outro...

Há coisas que mudam com o tempo, mas não inventaram nada mais moderno que a liberdade. Liberdade para reconhecer que a educação presencial e livre dos professores responsáveis é o melhor remédio para educar gerações.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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