sexta-feira, 5 de março de 2010

Sobretaxa sobre calçados da China



Calçados chineses têm sobretaxa para entrar no Brasil.

Olala,
Tenho acompanhado de perto a preocupação especial dos trabalhadores temerosos com o crescimento da economia chinesa. Como se sabe, em 2009, a China foi o país que mais cresceu no ano passado, em torno de 9%.

O tigre asiático caminha para ser o contraponto econômico dos Estados Unidos, hoje a maior economia do Planeta. Em 2008, o PIB dos EUA foi de US$ 14,2 trilhões e o da China US$ 7,9 trilhões.

Em que condições se firma este crescimento? Boa parte no potencial da mão-de-obra barata e abundante. Muitas empresas brasileiras, especialmente na área do aço, alimentação, mas também têxteis e de brinquedos, estão mudando para a China pois encontram melhores condições de competitividade. A Grendene, de Farroupilha, que empregava mais de 4 mil trabalhadores nesta cidade, por conta de incentivos fiscais, mudou primeiro para Sobral, no Ceará e agora está com uma unidade na Bahia, preferindo evitar a ida a China. Na área do calçado, grandes empresas com marcas famosas como a Nike e a Adidas produzem tênis que exportam para vários países, incluisve o Brasil. As empresas que buscam a China têm os custos de produção diminuídos. La paga-se um terço do custo da jornada de trabalho que se paga no Brasil. Mas, esta realidade gera distorções. Enquanto a empresa ganha, os trabalhadores perdem. Expostos a jornadas estafantes e sem direitos, os trabalhadores chineses acabam explorados e mal pagos.

O governo brasileiro, ciente desta realidade criou, em setembro de 2009, uma sobretaxa com valor de US$ 12,47 para cada par de calçados importado da China. E esta taxa foi aumentada pelo Governo para US$ 13,87, no dia de ontem. Vale para os próximos cinco anos. Uma medida que protege as empresas e os trabalhadores da cadeia calçadista em nosso país.
Pense nisto, enquanto há tempo!

4 comentários:

Luis Tamiosso disse...

Cláudio:
Cabe ressaltar que a Grendene não tem unidades industriais na China e tão pouco participação de estrangeiros, exceto os que detem ações da empresa, livres para compra na Bovespa.
Quando aos motivos para a transferência, precisamos citar a qualidade da mão de obra Cearence (habilidades manuais), a boa oferta de mão de obra (no Sul estava-se importando de outras cidades), a oferta de locais apropriados para expanção, etc. Dos 4500 trabalhadores da década de 90 no Sul, hoje o grupo fabril possui cerca de 30.000 colaboradores. O crescimento constante é justamente resultado da aposta da empresa. A Bahia agora também tem Grendene.
Abraços.

Claudio Sommacal disse...

Caro Tamiosso,
Obrigado pela correção da informação. Corrigi meu blogger. Havia recebido a informação de um palestrante durante reunião ocorrida em Sapiranga.
Abraço.

Claudio Sommacal disse...

Para enriquecer o debate, segue o comentário que recebi do Marcel Frisson:

Caro Sommacal,
Li seu blog, em especial, os seus comentários a respeito da sobretaxa na importação de calçados da China. A medida do Governo Brasileiro é correta, no sentido de proteger a produção brasileira, no entanto os motivos são bem diferentes daqueles que você expressa.
Acho que o companherio tem uma visão distorcida do que acontece na China, talvez por que, como todos nós, tenha pouco conhecimento da história e da realidade daquela nação.
De qualquer forma, gostaria de pontuar algumas questões:

Primeiro, a escravidão foi uma realidade bastante presente para o povo chinês antes da revolução, e foi um dos principais motivos para que esta acontecesse.

Segundo, os comparativos de salários entre países diferentes é preciso ser relativizado, por exemplo, o salário mínimo argentino e o nivel salarial dos trabalhadores argentinos são superiores ao brasileiro. No entanto isto não significa que estes estejam em melhores condições de renda do que nós. Em relação à China é preciso levar em consideração que o custo de vida naquele país é 10 vezes menor do que no Brasil.

Terceiro, é bem verdade que, lato senso, as condições de trabalho na China não são exemplares, assim como não são no Brasil e em outros países. Mas estamos tratando de um contexto que envolve uma população de 1 bilhão de pessoas, que precisam de emprego, saúde e educação. Uma população que a cerca de 50 anos atrás vivia em condições de miséria absoluta, um país submetido ao imperio britânico e uma elite completamente corrupta. Contudo na China pode ter carga de trabalho muito extensa e pesada, baixo salários, e poucos direitos sociais, mas não tem escravidão. No Brasil tem.
Um abraço,
Marcel Frison

Claudio Sommacal disse...

Para enriquecer o debate, segue o comentário do Francisco Xarão:
"Quem conhece bem de perto a China é nosso companheiro Wladimir Pomar (o pai e o filho). Aqui no RS tem um grupo de chineses trabalhando com a CGTEE na fase C de candiota. Acho que a companheira Marcia ainda é a intérprete do grupo e falando com ela é possível falar com eles. Quando estive na CGTEE tive a feliz oportunidade de conhecer melhor essa cultura milenar e posso garantir, nós brasileiros não temos nenhuma moral para ensinar moral a eles, em especial os chineses comunistas."
José Francisco Lopes Xarão
Professor de filosofia
Assessor da SMED São Leopoldo"

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