domingo, 19 de abril de 2009

O exemplo de Galileu Galilei


Galileu enfrentou a Inquisição mas não renunciou a suas idéias

Olala,
Há pessoas que passam a vida toda e não mudam suas convicções. Afinal, as convicções são o resultado do conhecimento aprendido e das vivências da pessoa. Só mesmo uma pessoa alienada não tem convicções, alguém que se deixa levar pelos outros, que não aprende a decidir seu próprio caminho. E, destes há muitos. Decidir o rumo dói, porque a pessoa tem que buscar esculpir as próprias alternativas.

A vida vale mais a pena quando é construída sobre pilares, sobre convicções. Quem se deixa levar pelo rumo do vento nem sempre consegue ir longe. Acaba à deriva. Quem constrói sua trajetória sobre convicções acaba dando sentido à existência, embora nem sempre é reconhecido pelos que detém poder.

Todos somos um pouco Galileus em nossas rebeldias. Para recordar: Galileu foi um filósofo e matemático italiano que viveu na era renascentista e desafiou os escolásticos apoiando a tese de Copérnico que via o Sol como centro do Universo e não a Terra como admitia a Igreja. Suas convicções lhe valeram a punição pelo Santo Oficio sendo confinado e preso na sua residência. Parte de seus livros foram proibidos e, alguns queimados. Só dois séculos após sua morte, os escritos de Galileu são retirados do Index. Em 1999, o Papa João Paulo II reconhecendo o erro da Igreja, decidiu perdoar e absolver Galileu.

Galileu suportou seus 78 anos convicto de que sua teoria estava certa. Morreu com ela. Foi uma pessoa de convicções.

Esta determinação, a partir de convicções é coisa cada vez mais rara numa sociedade cada vez mais formalizada, engavetada em tarefas mecânicas que reservadas aos indivíduos nas tarefas sociais. Fico pensando o que pode acontecer com um dos milhares de sapateiros que passa a vida toda colando sola de sapato numa esteira. Repetem a atividade mecanicamente dia-após-dia. O dia que este indivíduo perder o emprego ou se aposentar, descobrirá que a vida se resumiu a produzir sapatos, milhares de sapatos. Cumpriu um papel importante para o mercado, mas insuficiente para realizá-lo como indivíduo como pessoa, como sujeito criativo. Para evitar o sofrimento, milhares de trabalhadores são mantidos alienados. Vivem e morrem alienados.

Nós somos aquilo que produzimos e aquilo que criamos de novo. Uma vida vale pela ousadia criativa. Pela rebeldia de reinventar o conhecimento produtivo a cada dia. A reinvenção permite que a sociedade evolua e os paradigmas mudem.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Banda larga gratuita para escolas públicas



Olala,
Vou abordar neste espaço a luta por uma causa. Trata-se da qualificação da informática nas escolas públicas.

O Serviço de Telecomunicação no Brasil é operado por empresas privadas. O Estado concede, por um número de anos, à iniciativa privada, o direito de explorar o serviço de telefonia. Esta concessão é feita mediante critérios e acordos entre empresas e governo.

Assim, as operadoras de telecomunicações passam a oferecer seus serviços: linha comum e de celular, banda larga, sinal digital de TV, rádio, etc...

Um acordo firmado no ano passado, em Brasília, entre as operadoras de telefonia e o Governo Federal estabelece que toda a operadora de Banda Larga em âmbito no país disponibilizará de forma gratuita às escolas públicas o serviço na maior velocidade comercializada na área.

Isto significa que, se a cidade é coberta por cabeamento de banda larga. nenhuma escola pública que fique no trajeto onde passe o cabo da operadora pode ficar sem conexão ADSL. O acordo prevendo isso foi firmado no Palácio do Planalto em 8.4.2008 e vale para todas as escolas do país.

É claro que as operadoras não pretendem divulgar este benefício para a população. Também a mídia, que bebe na fonte das operadoras, silencia sobre o direito. Então, cabe a nós reivindicar o direito junto às operadoras.

Quero desafiar aqui a todos aqueles que acreditam na melhoria da qualidade do ensino público e que estão vinculados à escolas públicas que visitem ou enviem ofício às operadoras solicitando este serviço gratuito às escolas. E tem mais, se a operadora se negar a instalar a Banda larga pode ser multada em R$ 50 mil.

Este benefício é uma contrapartida social das operadoras pela concessão que recebem do Estado.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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quinta-feira, 9 de abril de 2009

MST dobra MP. E agora Yeda?


Thums foi convencido. Agora resta Yeda.

Olala,
Há instituições que se declaram superiores. Dizem ser guardiãs da sociedade e da democracia. Uma delas é o Ministério Público.

Mas, estas instâncias abrigam pessoas. E, pessoas têm coração e razão.

Dia destes, um promotor que ocupava alto posto na hierarquia do MP gaúcho se atreveu a expressar o que pensa sobre como vê a organização da sociedade. Como crê que os conflitos sociais devem ser resolvidos.

Este promotor é Gilberto Thums. É dele a autoria de um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC - que visava enquadrar as ações do Movimento Sem Terra. Áspero e crítico com o MST, Thums resolveu atacar a Escola Itinerante, o espaço de cidadania que permite garantir que os filhos dos Sem-Terras não percam a oportunidade de aprender, mesmo sob uma precária barraca de lona nos acampamentos onde estão suas famílias esperando pela reforma agrária. Um documento pedia o fim da escola que têm, no Estado, mais de 10 anos de vida.

A dona Yeda, que se notabilizou em reprimir os movimentos sociais, apoiou-se no parecer de Thums e lascou decreto acabando com a Escola Itinerante.

Não demorou e veio a reação, primeiro das famílias acampadas, depois da sociedade e seguiram-se atos e manifestações visando reaver o direito de existência das escolas.
Numa recente audiência pública realizada na Assembléia Legisaltiva o promotor e deputados foram cercados por 140 alunos, oportunidade em que os pequenos alunos entregaram um exemplar do ECA aos deputados e ao promotor.

Comovido, acuado mas não convencido, o promotor declarou-se vencido. Disse que não estaria disposto a levar adiante uma causa perdida. Soaram-lhe aos ouvidos mensagens do mundo todo contra seu parecer.

"Mexer com esse pessoal é colocar a mão num vespeiro, e estou colocando a mão sozinho. As escolas mexem no centro nevrálgico do movimento. É suicida a posição de quem luta contra. Só vão lembrar do meu nome no dia em que o país pegar fogo", disse.

Agora, se houver coerência, também a governadora deverá reconhecer o erro e rever sua decisão, recolocando a escola itinerante onde estava.

Tanto a governadora como o promotor podem ter a certeza: não serão os sem-terras que irão incendiar o país. Quem põe fogo no país são as pessoas despidas de humanidade que não conseguem ver o quanto é importante que se garanta a alfabetização e a instrução das crianças e jovens, onde quer que se encontrem.
Pensem nisto, enquanto há tempo!
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O Sino de Novgorod


Cidade moderniza-se, embora tenha perdido o sino

Olala,
Veliki Novgorod é uma cidade russa situada nas margens dos rio Volkhov. Tem cerca de 232 mil habitantes. Foi fundada em 859 d.C.

Nesta cidade, há três séculos, o sino era utilizado para chamar todos os habitantes para ajudar a decidir na Assembleia popular. Numa época em que a democracia só existia nos livros dos filósofos gregos, a pequena cidade, em pleno período imperial, já praticava a política da participação popular. Isto em pleno império onde os czares mandavam.

Em 1478 existiam as assembléis pupulares chamadas de Veches0. Mas não duraram muito. O rei Ivan III, dedois de retirar o domínio lituano para a cidade, realiza uma guerra, deporta parte da população e ainda manda os novoroguenses descontentes. Após a derrota de Novorog, o sino que chamava as pessoas para a assembleia popular foi levando para Moscow.

Passados mais de cinco séculos, a cidade reivindica o seu sino de volta.

Hoje, Novgorov se moderniza aceitando cada vez mais a economia de mercado. E está como outros estados do mundo, encontrando o caminho da governabilidade com crescimento. Só o sino confiscado ainda não foi devolvido.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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quarta-feira, 8 de abril de 2009

O risco de revelar suas idéias


Olala,
Seguidamente recebo e-mails me advertindo sobre meus comentários. Fico impressionado como as pessoas que me mandam e-mails se recusam a opinar no próprio blog, expondo seus argumentos para o debate.

Medo? Risco? O que estaria retendo as opiniões - muitas sensatas - dos que dizem que eu não deveria me expor meu pensamento e publicá-lo na internet. Sei que uma ideia publicada em rede pode ser captada por qualquer pessoa que tenha acesso a internet no mundo todo. E, estimativas dão conta de que dos 6,5 bilhões de habitantes do planeta, 700 milhões já têm acesso à rede. Ou seja, 1 em cada dez habitantes do planeta podem acessar à internet.

Meus mestres, na filosofia, me ensinaram a correr riscos. Ao expor o que se pensa, a correr riscos. Abro minha mente. Me exponho. Torno claro quem sou. Me revelo.

Acho intrigante que a gente não conheça a profundidade das pessoas. Há muitos interesses obscuros, não revelados, retidos e não socializados. A política é pródiga de construir pessoas que não dezem, com clareza, o que pensam. Táticas e estratégias baseadas no silêncio são tomadas como método. Este é um sinal de enfermidade da nossa política. Talvesz por causa desta reserva de pensamento é que o eleitor tem dificuldade de se posicionar. Sem clareza de pensamento, sobra ignorância como referiu Bertold Brecht.

Sou daqueles que acreditam na clareza das ideias, publicamente expressas. Quando as pessoas guardam segredos demais, visando preservar seus interesses e privilégios, resta a certeza de que estamos ainda longe da democracia e da liberdade.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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Sócrates e a cicuta



Olala,
Meus alunos me perguntaram como Sócrates morreu. Aqui vai a resposta.
No ano 399 a.C. o filósofo Sócrates foi condenado a morte e obrigado a tomar cicuta.
Por que isto aconteceu? Suas ideias inovadoras para a sociedade, atraiam a atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência, também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas via em Sócrates um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças na religião grega. É dele o legado filosófico; "conheça-te a ti mesmo" e "eu sei que nada sei".

Sócrates amava a liberdade, tinha grande amor pela verdade e pelo fato de ser amigo de Alcibíades e Critias, detestados por razões politicas da época. Sócrates arranjou inimigos poderosos em Atenas. Todos aqueles que não tinham a humildade de reconsiderar a sua própria ignorância frente aos argumentos do grande mestre e todos aqueles que desejavam manter sua aparente onipotência, embora se dissessem democráticos, viram em Sócrates um perigo. Acusaram-no de corromper a mocidade, de desrespeitar os deuses e da prática de inovações religiosas.

O sistema de execução usado na época consistia em fazer com que o condenado bebesse um veneno fatal chamado cicuta. Sócrates aguardou quase um mês por seu momento. Nada mais fez na prisão nesse período do que tranqüilizar seus amigos, recusar que o chamassem de mestre e argumentar a favor de imortalidade da alma. Ele tinha amigos fiéis, homens que compreendiam o absurdo daquela sentença. Crito conveceu-o a deixar que fugisse. Preparou sua fuga. Ao saber de seus planos. Sócrates disse a Crito: Eu fui julgado e condenado por um tribunal representativo. Ainda que minha condenação seja uma interpretação errada, ela vem de uma corte legítima e deve ser obedecida. Se os homens bons não respeitarem as leis más, os homens maus não respeitarão as leis boas. E, recusando renunciar a suas convicções, Sócrates preferiu sair da vida a se corromper.

Sócrates não escreveu uma só linha. Seu testemunho foi marcado pela prática. Influenciou outros dois amigos, Platão e Aristóteles que acabaram registrando, na teoria, o que o mestre lhes ensinou.

Quando se vê tanta gente se deixando guiar pelo pensamento dos outros, sem conhecer-se a si mesmo, sendo objeto e não sujeito, conclui-se que mesmo passados mais de dois milênios, o ser humano ainda busca compreender o significado de sua existência.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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Cêmeras espionam professores


Ao lado, gestor observa no telão de sua sala como anda a aula de um professor na sua escola.

Olala,
Estou cada vez mais furioso com as investidas dos tecnocratas neoliberais que querem acabar com a ética.

Leio uma notícia na internet que deve deixar de cabelo em pé todos os democratas e profissionais da educação. Uma escola inglesa implantou um verdadeiro "Big Brother" na sala de aula. Professores ingleses tem as aulas filmadas.

A obsessão com a avaliação do desempenho dos professores está enlouquecendo os neoliberais. É o mesmo vírus que se espalha lá e aqui. Quanto mais ineficazes os governos para reparar as desigualdades sociais e da pobreza, mais os professores e suas organizações são alvo da fúria neoliberal.

O Governo de Gordon Brown mandou instalar câmaras de vídeo, com visão de 360 graus, para espiar o trabalho dos professores dentro da sala de aula. Algumas câmaras de vídeo são tão poderosas que conseguem dar a ver as palavras que os alunos escrevem nos cadernos. A aberração é tamanha que aulas são gravadas em DVD pelos gestores e servem, depois, de modelo em workshops de formação. Os sindicatos de professores ficaram furiosos com mais uma medida que exerce uma pressão intolerável sobre os professores. Alguns especialistas em supervisão e avaliação de desempenho já divulgaram as suas reservas face ao método utilizado. Outros afirmam que é preferível filmar a aula do que ter a presença de um supervisor na sala. E há até quem diga que gosta de ser filmado enquanto dá aulas. Justificação: o vídeo permite corrigir práticas erradas.

Do jeito que a coisa anda, daqui a pouco, nossos alunos não terão mais aula presencial. Tudo será passado através de um telão instalado em cada sala de aula e com os professores se revezando numa central da escola diante de um set de filmagem.

No RS já pensaram em contratar uma empresa para avaliar os professores no seu estágio probatório. Imaginem, o professor estuda quatro anos numa universidade, faz concurso e passa, faz uma bateria de testes para ingresso, chega na escola e é jogado numa sala, só tem acesso ao "xerox" para fazer as provas, não tem acesso a computador, a datashow, engole giz, recebe o primeiro minguado salário somente três meses depois porque a burocracia é lenta e, após três anos de trabalho vem um executivo e lhe diz: tchau! boa viagem!, você é culpado pela má educação! Você não serve! E chama-se outro e mais outro...

Há coisas que mudam com o tempo, mas não inventaram nada mais moderno que a liberdade. Liberdade para reconhecer que a educação presencial e livre dos professores responsáveis é o melhor remédio para educar gerações.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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terça-feira, 7 de abril de 2009

Talho de facão três listas


Olala,
Ser moderno e saber respeitar a diversidade. A diversidade se expressa na diferença. No comportamento de cada pessoa que é resultado das experiências culturais que cada indivíduo teve ao longo da vida.

A lei diz que somos iguais em direitos, mas a realidade fática mostra que somos diferentes. Infinitamente diferentes geneticamente. Diferentes na forma, baixos, altos, magros, obesos, loiros, morenos, olhos azuis, castanhos, diabéticos, atletas, sedentários, rápidos, lerdos, ásperos, delicados,...

Diz a Psicologia que a personalidade de cada um é formada a partir dos quatro anos e vai até os nove. É, neste tempo que o indivíduo constroi seu temperamento. É a construção do caráter que o indivíduo levará para toda a vida. Daí porque, abandonar uma criança nesta idade será será sempre um ato que terá reflexos durante toda uma vida.

Dias atás, aconteceu um episódio que mostra bem o caráter e o temperamento de uma pessoa. Ouvi o relato convicto de uma pessoa que, certo dia, fizera correr sob o tilintar de um facão de três listas, um enteado que tentou se flertear uma mulher casada. Meses após, a mesma convicção me foi transmitida por seu filho, dizendo que jamais admitiria que sua mulher fosse alvo de cobiça. Faria de tudo, inclusive usaria o tal facão de três listas se fosse preciso.

Imagino como é difícil resistir a tantos apelos feitos pela mídia, especialmente nas novelas, onde se dita a promiscuidade como comportamentos padrão. Que sofrimento devem passar as pessoas que acreditam em alianças duradouras, infinitas.

Mas, como a diversidade é ser moderno, aceitamos como normal a existência dos dogmáticos e dos liberais. E viva a dialética!
Pense nisto, enquanto há tempo!
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