
Estado teve maior usina para produção de álcool do país. Na hora de funcionar, faltou cana.
Olala,
Em 1970 eu era apenas um estudante preocupado com o futuro. Nesta época o país vivia uma ditadura e era proibido as pessoas emitirem opinião contra o regime e o governo.
Mas, havia pessoas próximas do governo que tinham privilégios. Uma pessoa que conheci chamava-se Garcia.
O Sr. Garcia era um fazendeiro por vocação mas burocrata e servidor do Banco do Brasil por profissão. Quando ele se aposentou, como era amigo do Delfim Neto, do governador Perachi de Barcellos, do ministro da Agricultura o gaúcho Luz Fernando Cirne Lima, resolveu implantar um projeto que atendia a um projeto nacional: produzir combustível a partir da cana de açúcar, ou seja produzir álcool carburante. A crise do petróleo empurrava para alternativas e os militares jogaram dinheiro no projeto Proálcool.
Assim, o Sr. Garcia se jogou neste projeto visando produzir álcool no Rio Grande do Sul. Escolheu uma área do Estado localizada em Capela de Santana e lá iniciou a implantação da maior usina de beneficiamento de cana do Brasil. Com recursos do Banco Mundial, BNDES e do Banco do Brasil foi adquirindo caldeiras, moendas, geradores, motores e foram sendo distribuidos em três andares de uma usina toda erguida com estrutura de aço. Tubulações e tanques foram montados para receber o etanol. Até um potente e pesado cofre para guardar o dinheiro foi adquirido e instalado no escritório da empresa em Capela de Santana.
Em 1973, três anos depois de pronta a usina começou a receber cana. Foram dois meses de funcionamento e o álcool jorrou para os tanques e, depois, para os carros tanque, seguindo até a refinaria Alberto Pasqualini, ali em Canoas, onde era mistrurado gerando o álcool combustível.
Mas, incrivelmente, a usina durou apenas dois meses funcionando. No terceiro mês faltou cana porque o país não havia se preparado para alimentar a matéria prima da usina. Sem cana, a usina ficou parada e, meses após, o proprietário Sr. Garcia, obteve o aval da Justiça para decretar a falência do empreendimento.
Tudo foi leiloado e parte do maquinário foi adqirido a preço de banana por usineiros paulistas. Outra parte, dizem, foi para Rondônia, onde serviu para outro projeto semelhante que também faliu.
O projeto que visava produzir álcool no RS, sem plenejamento, gerou um rastro de dívidas que acabaram sendo pagas pelo contribuinte. A irresponsabilidade de gestores como Sr. Garcia gerou parte da dívida interna do nosso Brasil.
Pense nisto, enqaunto há tempo.
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