terça-feira, 29 de março de 2016

Corrupção II


Olala,
Se há uma causa fácil para mobilizar multidões é a bandeira da corrupção. Tomo o exemplo da Itália, onde depois da Segunda Guerra Mundial seguiu-se um período extremamente difícil em que as empresas passaram a se infiltrar no governo e tirando proveito no processo de reconstrução do país. A cada obra contratada eram desviados recursos que acabavam recheando governadores, juízes, e burocratas de níveis diversos.

Aí veio um juiz que quis acabar com a roubalheira. Criou uma operação chamada mãos limpas. Divulgou a iniciativa por todo o país e a população passou a apoiar o magistrado, com orgulho.
O juiz passou a ser adorado pelo povo que foi à rua sendo ovacionado. Seu exemplo inspirou práticas que foram imitadas em vários países. Inclusive do Brasil advogados criminalistas migraram para a Itália visando conhecer melhor o trabalho criminal desenvolvido pelo juiz que detonara a caça aos corruptos.

A multidão que nunca tinha pisado politicamente na rua vestiu-se com as cores da pátria e invadiu as ruas como protagonistas da luta anticorrupção. Multidões como jamais se havia visto marcharam pelas ruas da Itália. As massas pregavam o fim dos políticos, dos partidos, a crítica à política como espaço de representação democrática.

Os partidos que estavam no poder foram destituídos e muita gente, incluindo ministros amargaram anos na cadeia. Parecia que a Itália estava livre definitivamente da corrupção.

Mas, aí veio a nova eleição. As massas enfurecidas foram buscar gente nova. E decidiram colocar no poder alguém estranho ao mundo político. Alguém que estava distante de tudo. Elegeram um empresário do ramo televisivo que era dono de time de futebol. Seria a redenção da democracia. E, dramaticamente, o abençoado pelas urnas por três mandatos acabou afastado do poder justamente por causa do envolvimento em corrupção.

O resultado prático demonstrou que cresceu a aversão do povo com os políticos e com a política como alternativa de organização da sociedade. Com os partidos enfraquecidos e os políticos desacreditados, a cidadania passa a contar menos com a influência do poder público, tendo prosperado a regulação da sociedade a partir de iniciativas particulares. Com um Estado enfraquecido, a nação busca meios de se firmar num bloco de países e, cada vez mais, acaba guiada por acordos e resoluções que vem do bloco.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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