sexta-feira, 13 de maio de 2016
Meu destino final
Olala,
Tive o privilégio de brotar numa família que me tratou com carinho e atenção. Desde os primeiros tempos pude ser acolhido pelos meus pais e irmão como uma pessoa querida e amada.
Ao longo do tempo, pude saborear a convivência com os amigos e parentes que se avolumaram com o passar do tempo. Na aldeia de nascimento, local campestre em meio à natureza, me senti desafiado a avançar na direção do conhecimento. Este impulso gerado pela expectativa de ser padre, me jogou no seminário para minha formação inicial, seguiu para a faculdade e universidade onde pude compartilhar os conhecimentos necessários que ajudaram a sedimentar minha tranquila travessia.
No meio do caminho, o sonho clerical de cuidar de almas mudou. Secularizei-me e casei. Da convivência solidária contribuí para que minha parceira tivesse dois filhos. Crianças como qualquer outras, amadas pelos pais e desafiadas a construir seu próprio caminho.
Na longa jornada da vida produtiva tornei-me professor, jornalista, sindicalista e gestor público. Foi a escolha que fiz. Daí nasceu meu emprego que garantiu posses e o sustento da família.
Mas, a vida é algo muito efêmero. Quando se é jovem, logo se quer crescer. Quando velho, não se quer que o tempo passe. E, como acontece com todos, com suas crenças e sonhos, um dia a mente se separa do corpo. É quando por algum motivo, nos despedimos para sempre de quem amamos. Aí a gente fecha os olhos, o coração deixa de bater e pronto. Estamos mortos. As pessoas se reúnem para lamentar a partida. Assim é a vida. Os que ficam refletem sobre sua existência e continuam tocando a existência. Obrigado a todos.
Se puder sugerir um desejo é o de ter meu esqueleto destinado à sala de anatomia da Universidade que me possibilitou ter mais sabedoria. Quando eu me for, quero continuar sendo útil, ainda que seja sendo retalhado na aprendizagem dos futuros médicos. Assim eu partirei tranquilo em paz.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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