
Cultura do anonimato revela falta de democracia no país.
Olala,
Sou daqueles que não gostam do anonimato. Vez por outra as pessoas comentam textos de meu blog e postam opiniões na condição de anônimos.
Como são anônimos, fica o constrangimento na hora de contrapor. Afinal, quem está do outro lado opinando pode ser um colega de trabalho, uma pessoa distante ou até mesmo o chefe. O anônimo, como a própria palavra diz, é uma pessoa sem nome, alguém que, opinando, deseja manter-se oculto.
Entendo que o anonimato deveria ser abolido numa sociedade que pretende ser democrática. Esta convicção a tenho por prática e não apenas por teoria.
Em 1987, depois de uma greve, na condição de sindicalista e jornalista, resolvi responder como editor de um jornal sindical, assumindo o conteúdo da publicação. Botei a cara. O patrão entrou na justiça e, amparado na famigerada Lei de Imprensa, me demitiu. Seria diferente se eu tivesse mantido o anonimato, ou usado pseudônimo.
Quando estudante, em 1974, no período pós-ditadura, fiz um discurso para lembrar a pátria no dia 7 de setembro. À noite, recebi um telefonema anônimo que me advertia sobre os termos usados no discurso. Até hoje não sei de onde partiu a ligação. Naquela época não havia celular com “bina”.
Tenho a impressão que estimular o anonimato nas falas, no voto, nas manifestações e opiniões é um gesto que conspira contra a liberdade e a democracia. Sou mais favorável a quem se mostra “sem cera”, sincero. A sinceridade pode doer mais que o anonimato mas carrega consigo o orgulho de uma vida às claras.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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