domingo, 4 de abril de 2010

Anonimato


Cultura do anonimato revela falta de democracia no país.

Olala,
Sou daqueles que não gostam do anonimato. Vez por outra as pessoas comentam textos de meu blog e postam opiniões na condição de anônimos.

Como são anônimos, fica o constrangimento na hora de contrapor. Afinal, quem está do outro lado opinando pode ser um colega de trabalho, uma pessoa distante ou até mesmo o chefe. O anônimo, como a própria palavra diz, é uma pessoa sem nome, alguém que, opinando, deseja manter-se oculto.

Entendo que o anonimato deveria ser abolido numa sociedade que pretende ser democrática. Esta convicção a tenho por prática e não apenas por teoria.

Em 1987, depois de uma greve, na condição de sindicalista e jornalista, resolvi responder como editor de um jornal sindical, assumindo o conteúdo da publicação. Botei a cara. O patrão entrou na justiça e, amparado na famigerada Lei de Imprensa, me demitiu. Seria diferente se eu tivesse mantido o anonimato, ou usado pseudônimo.

Quando estudante, em 1974, no período pós-ditadura, fiz um discurso para lembrar a pátria no dia 7 de setembro. À noite, recebi um telefonema anônimo que me advertia sobre os termos usados no discurso. Até hoje não sei de onde partiu a ligação. Naquela época não havia celular com “bina”.

Tenho a impressão que estimular o anonimato nas falas, no voto, nas manifestações e opiniões é um gesto que conspira contra a liberdade e a democracia. Sou mais favorável a quem se mostra “sem cera”, sincero. A sinceridade pode doer mais que o anonimato mas carrega consigo o orgulho de uma vida às claras.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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