sábado, 3 de abril de 2010

Descobrindo a desigualdade


A desigualdade social existe, embora alguns insistem em negá-la.

Olala,
Durante uma vida, muitas pessoas não têm o estalo da descoberta da desigualdade. Há pessoas que vivem e morrem achando que todos somos iguais, que as leis são justas e que ao há diferenças entre as pessoas.

Situam-se numa situação confortável e menos martirizante. Parece que não saber que há diferenças, não conhecer o sofrimento alheio, não conceber que somos desiguais, não incluir a solidariedade como forma de transformação é cômodo e traz mais conforto.
Muitos negam se inserir no mundo tal qual é, com sua realidade fática porque é menos desafiante. E, para quem quer passar no mundo sem ajudar a transformá-lo é melhor não saber das coisas, fugir da realidade.

Eu tive minha primeira experiência com a desigualdade quando criança. Com nove anos, acompanhei um vizinho para um mato onde deveríamos carregar um caminhão de lenha. Eu e mais crianças, passamos a manhã trabalhando. Matamos aula naquele dia para o trabalho extra. Ao meio dia, a refeição. Quem mandava comia carnes nobres, quem, como nós era um simples obreiro, coração de boi.

Acostumado na minha família a partilhar a pobreza e a riqueza, senti, naquele primeiro gesto, a presença da desigualdade. Aquilo me marcou profundamente que, ainda hoje, quando passo próximo ao local, as imagens da infância me retornam implacavelmente.

Deste episódio para a frente, percebi que a desigualdade existe. Que o germe da diferença e da discriminação está plantado na sociedade. Como uma erva daninha incrustada no âmago das pessoas. Quando menos esperamos ela floresce viçosa e avassaladora. Infelizmente.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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