quinta-feira, 24 de junho de 2010
Um poste no meio do caminho
Poste de luz foi plantado no meio da calçada, para desespero dos cegos.
Olala,
Tenho circulado, com frequência, pelo centro de Porto Alegre, que agora se chama centro histórico. Uma cidade com estruturas antigas, prédios de um século de vida e calçadas irregulares. Pelo centro da cidade é possível contatar a degradação visual com calçadas sujas, lajotas soltas, comércio avançando nos passeios e muitos obstáculos no caminho.
Dias atrás, pude observar que não existe respeito às leis, especialmente quando se trata de respeitar a acessibilidade.
Na Rua Espírito Santo, ao lado do prédio do Tribunal de Justiça existe um passeio público bem largo. Possui mais de 5 metros. A calçada possui uma base feita de pequenos pedras irregulares em forma de um mosaico decorado. Um local que permitiria o passeio tranquilo dos deficientes visuais. Aliás, se há algo que perturba um deficiente visual é a existência de obras mal sinalizadas ou postes no meio do caminho.
Pois, não é que a Prefeitura, através de seus técnicos em obras, acaba de dificultar a vida dos cegos. No meio da calçada de cinco metros, o engenheiro mandou fincar dois postes de luz. O poste foi colocado no local na mesma semana em que a Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social (Seacis)da prefeitura chama os deficientes visuais a um curso de como se locomover em Porto Alegre. Dá o direito a iluminação a quem vê e tira o direito de quem não vê.
Mas, a história não pára. E, se o poste for mantido no centro da calçada, é bem provável que algum dia, quando os cegos puderem ganhar a liberdade de transitar livremente da capital, eles acabem tropeçando no obstáculo irregularmente fixado pela autoridade pública. Aí, como desabafo, depois da porrada, a pessoa com deficiência irá lembrar do poema de Drummond: Havia uma pedra no meio do caminho...
Pense nisto, enquanto há tempo.
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