quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Plebiscito sobre o limite da propriedade
Plebiscito são consultas feitas à população em temas polêmicos.
Olala,
Ao longo das minhas cinco décadas de vida tenho participado de plebiscitos e referendos. Previstos na Constituição, servem para dar ao governante uma posição mais legítima sobre temas polêmicos. Todo o país democrático vive de consultas à população. Nossa jovem democracia não tem o costume de consultar os cidadãos. Optamos por valorizar a democracia representativa, via parlamentos, e, dela colher decisões que acabam sendo implementadas pelos governos. O plebiscito é um instrumento muito usado nas democracias.
Na história brasileira, tivemos o primeiro plebiscito da República em 1963, quando Jânio renunciou e os golpistas queriam impedir a posse de Jango, mudando o sistema de governo. Na época, 11,5 milhões de eleitores foram votar e 9,4 milhões confirmaram que o presidencialismo continuaria como sistema de governo.
Tinta anos depois, em 1993, a consulta volta com o mesmo teor. Estávamos saindo do desastrado governo Collor que havia frustrado o sentimento do eleitor com a eleição a presidente. Novamente o eleitor foi chamado e 90 milhões de brasileiros votaram garantindo novamente a república presidencialista como sistema de governo.
Em 2005, outro plebiscito foi implementado e consultava a população sobre a proibição ou não do comércio de armas. Venceu a liberdade de portar armas.
Agora, às vésperas da eleição, algumas organizações colocam em pauta o plebiscito do limite da propriedade. Quero dizer que, jogar uma questão tão sensível e delicada no meio de um processo eleitoral onde a disputa é polarizada é uma temeridade. Todos lembram dos episódios e versões criados na campanha de 1987, quando Lula se candidatou pela primeira vez a presidente e o adversário Collor, espalhou o boato de que Lula, se eleito, iria confiscar a vaquinha ou a casa de quem tinha duas. Alguém tem dúvida que, agora, se alguém puxar o tema da divisão da terra, não vão aparecer os estrategistas que vão associar Dilma a defesa do "confisco" da propriedade?
Uma das máximas que aprendi no marketing político é que em período de campanha eleitoral não se deve jogar no debate temas polêmicos. Apenas consensos.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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