quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Adão, um lutador que se foi

Olala,
Foi-se, aos 63 anos, o deputado Adão Pretto. Não resistiu a uma pancreatite que lhe retirou o órgão. Foi-se um político que viveu a coerência de uma vida pública fiel aos princípios aos quais foi eleito.

Filho de agricultores despontou cedo como uma liderança, participou das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), instituições ligadas à Igreja Católica. Tendo a reforma agrária como principal luta, foi um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul. Filiado ao PDT em 1980, ingressou no PT em 1985, ano em que se elegeu deputado estadual. Em 1991, tomou posse, pela primeira vez, como deputado federal, e manteve-se no cargo, reeleito seguidamente, para cinco legislaturas.

Em 1986, como deputado estadual, presidiu a CPI da Violência no Campo na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul para investigar os conflitos entre grandes fazendeiros e trabalhadores rurais. Na Câmara, opunha-se aos ruralistas na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Integrou e dirigiu o Núcleo Agrário do PT no Congresso. Como legilador, contribuiu com projeto importantes como o que confisca a terra do narcotráfico para fins de reforma agrária. O último projeto de lei do deputado Adão Pretto foi apresentado em outubro do ano passado. A proposta acaba com o pagamento de indenização compensatória nos processos de desapropriação para fins de reforma agrária.

Conheci o Adão em 1987 quando, junto com os assessores Davi, Marangon e Valmir foram me requisitar para trabalhar como jornalista em seu mandato estadual. Após acompanhei os passos da luta deste parlamentar, uma pessoa de discursos curtos mas sábios e profundos. Sua coerência era ímpar. Foi ele que denunciou as cinco aposentadorias de Brossard, numa época em que o Brasil estava à caça de marajás.

Certa vez, visitando sua família na Vila Santa Isabel, em Viamão, tive o desprazer de lhe presentear com uma muda de pinheiro araucária brasiliensis que tinha abundante me meu pátio e que se tornou um presente de grego. O Adão gostou da árvore que foi plantada no jardim frontal da casa. Mas, o tempo passou, o Adão mudou de residência e o pinheiro cresceu tanto que evidentemente teve que ser derrubado pois ameaçava a casa. Este deve ter sido meu principal problema que causei ao Adão.

Foi-se o pinheiro, foi-se o Adão e fica a lição de um político que coerentemente viveu na simplicidade da política sem se submerter a decisões obscuras ou rasteiras. Seu testemunho como parlamentar e como pessoa honraram a classe política.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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