sábado, 9 de janeiro de 2010

Deletei-me por 15 dias


Casinha no Farol onde me recolho anualmente por uma quinzena há 15 anos.

Olala,
Deltei-me por quinze dias. Após o Natal retirei-me longe da civilização. Sem jornal, sem rádio, sem tevê, sem celular (porque onde fui o sinal da vivo não pega, embora na propaganda, dizem que cobre todo o Estado), sem notícia nenhuma. Fora de tudo. Deletei-me.

Tenho o prazer de fazer esta experiência uma vez por ano. Confesso que é um tempo rico e agradável para deixar o pensamento voar, na pura liberdade.

- Onde fui? Fui descansar num ranchinho que tenho no Farol da Solidão, em Mostardas. Um local ermo, retirado, calmo, povoado de nativos, na maioria, pescadores.

Há 15 anos realizo este "retiro". Quando iniciei, estava farto de aluguéis, contratos, caução, documentos, arras para encontrar um imóvel pra locar no verão. Ou, então, como sói acontecer a um professor, pedir favor na casa dos outros, pechinchando alguma peça por alguns dias.

Pois decidi e me dei bem. Negociei uma casa numa madeireira, montaram e levaram de caminhão até num terreno próximo ao Farol da Solidão. Fiz um poço artesiano e, para minha surpresa, há dois metros do chão encontrei água abundante. Gramei ao redor, plantei árvores e montei o rancho.

Há 5 anos chegou luz na Praia. Com ela, proliferaram os vendedores de tudo. A Luz trouxe desenvovimento, as ruas foram abertas e a Prefeitura logo demarcou os lotes passando o carnê o IPTU.

Somente eu não pago IPTU. Como outros moradores, acabamos caindo sobre uma área da Marinha do Brasil. Sei, como duas dezenas de posseiros, que estou em área irregular, mas isto pouco importa. Faz 15 anos que sou posseiro e, como cidadão do país, confesso que encontrei um lugar agradável para renovar as forças para pensar as estratégias de uma ano que será marcado por muitas decisões.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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2 comentários:

Anônimo disse...

Informação adicional: o Farol tem cerca de 25 moradores permanentes, a maioria pescadores. E (ainda) chove peixe na praia.

Anônimo disse...

Este lugar é lindo, e sinceramente espero que poucos descubram isto, pois se muitos começarem a ir para lá, deixará de ser o que é hoje. Já houve um tempo que os moradores eram apenas um pescador e o faroleiro, não tinha luz e nem urbanização, mas era o melhor lugar para se ficar e descansar. Saudades.

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