domingo, 18 de janeiro de 2009

Bodas de Prata para o MST


Olala,
Este ano o Movimento Sem Terra comemora 25 anos de existência. Para muitos, a palavra comemorar causa frisson. Num país onde as oligarquias do latifúndio, dos banqueiros e dos grandes empresários estão presentes na vida política e na mídia, falar em comemorar as ações do MST faz ruborizar o rosto de muitos. Felizmente minha formação faz com que não seja incluído nestes.

Tive o privilégio de testemunhar a história deste movimento praticamente desde o seu ressurgimento em setembro de 1979, com as ocupações nas fazendas Macalli e Brilhante. Na época, vinculado à Comissão Pastoral da Terra da Igreja Católica, acompanhei o processo de resistência campesina. Como fotógrafo e jornalista, pude registrar a resistência dos atos em favor da reforma agrária patrocinados pelos colonos sem terras. Minha militãncia política, vinculado a mandatos agrários, também ajudou no acompanhamento da luta do MST.

O regime militar ainda mostrava sua crueldade e não hesitou em instalar na Annoni um acampamento para vigiar e reprimir os passos dos colonos. A resistência organizada que tinha o padre Arnildo Fritzen e o líder João Pedro Stédile como principais protagonistas, foi, aos poucos, transformando as terras griladas do local em espaço para assentamentos. Hoje 418 famílias estão em quatro áreas.

A contribuição social do MST para o desenvolvimento do país precisa ainda ser melhor escrita. O MST foi e é o único movimento agrário que se opôs ao processo de concentração da terra no campo. Suas lutas não se restringiram apenas a ampiação dos direitos no campo mas avançaram na defesa do emprego, da previdência, da saúde, do alimento mais barato para todos os brasileiros. As oligarquias latifundiárias primaram suas ações na concentração da renda e na exploração da mão-de-obra agrária. Não fosse o MST oferecendo sua resistência, teríamos menos alimentos disponíveis, mais favelas e mais injustiça social e mais pobreza.

Os mais de 2 mil assentamentos rurais em vários estados brasileiros atestam inequivocamente que a produção de alimentos ganhou impulso, em que pesem as poucas verbas governamentais para a área, como atestam artigos acadêmicos.

Mas, não é apenas o processo produtivo que deve ser observado. A educação com suas escolas itinerantes, o modo de produção, a preservação do ambiente, o uso integral do solo e o respeito ao meio ambiente como fatores peculiares a esta organização.

Ao longo de 25 anos, o MST adquiriu experiência e sabedoria necessária para desenvolver métodos de luta massiva que ajudam a resolver os problemas do povo tanto no campo como na cidade.
Pense nisso enquanto há tempo!
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