domingo, 25 de janeiro de 2009

Memória ocultada



Olala,
Dia desses, passeando pelo centro da capital, mais propriamente próximo à praça da Matriz que ladeia a sede dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), deparei-me com um grupo de turistas italianos visitando a Catedral. Como entendo e falo a língua italiana, tive a curiosidade de saber o que a bela guia turística repassava aos ilustres visitantes. Encostei no grupo para ouvir as informações.
Nas palavras rápidas, mencionou que a Igreja foi construída no século passado a pedido de um bispo chamado João Becker e contou com o apoio de Roma que enviou de lá um architeto chamado Giovenale. Nisso a guia está correta.

Mas, minha surpresa veio quando a jovem explicou a simbologia de oito figuras antropomórficas assentadas ao pé das colunas da Igreja. A guia disse que elas se referiam aos escravos trazidos aos milhares durante o período colonial brasileiro.

Tive vontade de intervir, mas não o fiz.
Na verdade, as oito figuras escondidas nos pilares da nossa catedral retratam parte da história da colonização do Estado e representam os nossos índios, os "bugres" como eram conhecidos na ápoca, dizimados aos milhares pela ação dos exércitos espanhóis e portugueses. As missões jesuíticas nada mais eram do que incursões feitas para pacificar os "bugres", domesticá-los na doutrina cristã abrindo caminho para que suas terras fossem colonizadas sem oposição. No rosto das estátuas de granito lapidadas de monolitos de pedra tirada do morro Teresópolis está estampado o sofrimento de heróis lendários como Sepé Tiaraju que resistiu bravamente à resistência colonizadora.

Por razões ideológicas, as oito estátuas foram colocadas atrás do templo, longe dos olhos da população. Imagino a luta que o arquiiteto teve para incluir as estátuas no templo. Se bem que, colocadas longe dos olhos da população, é bem provável que acabem invisíveis aos olhos de muitos turistas.

Então, cada vez que você passar pelo templo ou mostrar a algum visitante, não esqueça de contar a história por completo.
Pense nisso, enquanto há tempo!
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