quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Nós e os desafios de Obama


Olala,
Dia 20 de janeiro tomou posse o 44º presidente dos Estados Unidos da América. Obama, o primeiro presidente negro na história do país. Filho de pai queniano, mãe americana e padrasto asiático, Obama nasceu em Honolulu, no Hawaí e foi criado pela mãe, Ana. O casal se separou, o pai voltou para o Quênia e Obama foi criado pela mãe e pelo padrasto em Jacarta, na Indonésia. Aos 10 anos de idade, retornou para morar com os avós nos Estados Unidos. Advogado, professor, tornou-se senador pelo seu Estado, Illinois, com mais de 70% dos votos. Depois de disputa acirrada no Partido Democrata, Obama conseguiu a indicação dos delegados que lhe garantia à disputa à Casa Branca. E venceu com 52% dos votos o seu principal adversário do Partido Republicano, John McCain.

A posse foi apoteótica com mais de 2 milhões de pessoas em frente ao Capitólio. O mundo acompanhou a posse do presidente da nação que, sozinha, detém uma quarta parte do PIB do planeta, possui uma renda per capita de US$ 46 mil e um alto nível de vida.

Embora o país viva uma situação privilegiada no contexto global, Obama quer investir em tecnologia, educação e infra-estrutura e fazer uma gestão voltada para a recuperação da economia, destroçada nos últimos meses com a quebradeira de empresas e a perda de milhares de empregos. Atualmente o índice de desemprego alcança 6,7% nos EUA. Um plano pretende reativar os empregos através de descontos fiscais e incentivos às empresas.

Outra meta será voltada para a busca de novas fontes de energia, já que o país depende do petróleo estrangeiro. Neste item, Obama defende energias renováveis, como o etanol brasileiro. A prisão de Guantánamo, em Cuba, que guarda prisioneiros de guerra será fechada e Obama disse que irá retirar das tropas militares do Iraque. Na relação com outras nações, especialmente com aqueles que vêem os EUA como inimigos, Obama anuncia a retomada do diálogo. Quer a legalização dos imigrantes que estão no país. Não disse, porém, se levantará o bloqueio a Cuba que completa 45 anos.

Para a grande massa de trabalhadores e empresários das indústrias calçadistas do Vale do Sinos, a eleição de Obama tem um significado especial. Se ele recuperar a economia do seu país, os norte-americanos voltarão às compras e isto será bom para o consumo dos calçados que mandamos para lá. Crise nos USA não é boa para nós. Afinal, os Estados Unidos são o principal mercado do calçado brasileiro. As oscilações do dólar e a crise americana reduziram nossas exportações aos EUA, que, em 2008, somaram 37,7 milhões de pares e foram 32,6 menores que 2007, conforme atesta a Abicalçados.

Mas não é apenas o setor calçadista que torce pela estabilidade dos EUA. Há 30 anos o país do Tio Sam já recebe diversas manufaturas nossas como têxteis, ferro-gusa, confecções, soja, que acabam concorrendo, em qualidade, com os produtos de lá. Estas operações, embora o partido de Obama tenha uma face mais protecionista, devem continuar ocorrendo. A barreira maior se dá com o protecionismo agrícola aos seus produtos e que deixa nosso açúcar, o suco de laranja, a carne sem poder de exportação. A superação gradual destas barreiras, que é advogada por importantes setores da economia e da opinião pública nos Estados Unidos, seria a maior contribuição que o presidente Obama poderia dar às nossas relações bilaterais comerciais.

Por fim, há pessoas que entendem que nosso crescimento depende da desgraça estadunidense. Não sou destes, e defendo que nossas relações devem buscar um equilíbrio entre cooperação e disputa, preterindo o confronto, com o qual não temos nada a ganhar. É preciso ter um ambiente de cooperação firmado no diálogo para resolver os impasses. E, num mundo globalizado, devemos tirar proveito das relações bilaterais com o país mais rico do mundo.
Pense nisso enquanto há tempo!
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