segunda-feira, 9 de março de 2009

Os ambulantes fixos de Fogaça


(Prédio-garagem que fixa os "ambulantes" em Porto Alegre, à direita >)

Olala,
Inédito! Em Porto Alegre, Fogaça teve a proeza de tornar estático o que historicamente é móvel. Congelou duas centenas de ambulantes em postos fixos num espaço comercial elevado e postado sobre paradas de ônibus.

A decisão foi verticalizada. O prefeito decretou que as ruas do entorno da prefeitura não podiam mais conter ambulantes. E, para isso, convocou os empresários e mandou construir um Camelódromo para onde todos foram sumariamente empurrados.

O prefeito se apoiou na idéia de que o centro de uma cidade deve ser limpo, ruas largas, abertas. Atendeu os desejo dos comerciantes estabelecidos que queriam ver livre a frente das lojas. Para acatar o desejo dos comerciantes, sobrou para os pobres e sobreviventes vendilhões. Gente simples que não teve acesso à escola, se defendia como camelô ao ar livre. Gente que vive correndo o risco de ver toda a mercadoria confiscada nas intermináveis viagens de um comércio exterior, clandestino, até o distante Paraguai. Essa gente que se obriga a passar jornadas nas estradas em ônibus fétidos e inseguros agora ganham loja fixa. Já não são mais ambulantes. São minicomerciantes estabelecidos.

Agora eles têm fatura mensal para pagar, conta de luz e alvará do estabelecimento. Existem de direito e são enquadrados como camelôs de luxo.

Mas, para quem nasceu acostumado na liberdade da rua, fica difícil o aprendizado do comércio regrado. Nos primeiros meses, muitos "permanentes" reclamaram. Sumiram os clientes. Subir escadas parece não ser prática dos consumidores de rua.

Em todo o caso, se um dia você cruzar pela capital dos gaúchos, Porto Alegre, e não cruzar mais com ambulantes é porque eles foram sumariamente escondidos. Só o tempo dirá se a medida foi correta.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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