domingo, 29 de março de 2009
As "noivas" da eleição de 2010 VI
Olala,
Como muitos militantes que não conseguem acompanhar todos os passos da política, tenho me esforçado em construir cenários para o quadro político de 2010 para o Estado. Não sei se você tem percebido, mas, quando se trata de opinar sobre o futuro político, tudo é mais arriscado. Poucas são as opiniões. As pessoas reservam pra si os pontos de vista. Há pouca sistematização sobre o assunto. os políticos, em geral, preferem costurar as versões reservadamente.
Os partidos não emitem opiniões. Quem o faz, publicamente, são algumas liderança partidárias ou quem pretende lograr êxito em algum cargo. Atira-se verde para colher maduro. Há muito teste. Especulações. Os jornais, nas suas páginas de política colocam impressões.
No meio disto está o leitor, tentando adivinhar o que expressa este silêncio ou estas frases de efeito ditas por nossos políticos.
Lendo um pouco disto tudo, me atrevo a continuar dando meu pitaco como fiz em comentários anteriores I, II, III, IV, V. Com toda a liberdade que me é facultada e sem a pretensão de acertar sempre, entendo que ajudo o eleitor a formar seu ponto de vista sobre o que ocorre no mundo da política.
Pois, no quadro eleitoral que se avizinha, o PDT e o PTB serão as noivas mais cobiçadas da eleição de 2010. Com Yeda sem espaço para prosperar, restarão duas candidaturas a governador representadas pelo PMDB e PT. E, será vencedor quem conseguir colocar na carruagem uma ou duas "noivas". O PDT governa com Fogaça na capital e tem pretensões futuras em Porto Alegre, mas também governa aliançado com o PT em muitas prefeituras do Estado. O PMDB prometerá ao PDT apoio à prefeitura da capital em 2012, se aliançar em 2010.
Já o PTB de Zambiasi que integra o governo Lula, Yeda e Fogaça, também ajuda a desequilibrar o pleito, embora com menor força.
Ambos os partidos (PTB e PDT) cuja raiz histórica é a mesma, vão cozinhar bem a posição antes de escolher o lado. E, com certeza, o acordo selará interesses futuros que o eleitor comum desconhecerá.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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A política é como uma nuvem
A charge ao lado mostra a imagem que o povo tem dos políticos.
Olala,
A política é curiosa. Dizem que é volátil como uma nuvem. A gente olha, está de um jeito. Aí a gente se distrai um pouco, olha de novo, e cadê? mudou de lugar e se desfez.
Pois a política é mutável, instável, oscilante, incerta, imprecisa, surpreendente.
Não sei se no tempo de Aristóteles, na Grécia antiga, era assim, mas, nos nossos tempos parece não haver certezas quanto ao futuro da política.
Entendo que quanto mais frágil é a democracia, mais instável é a política. Nossa política ainda está assentada sobre bases frágeis. Os partidos não guardam identidade ideolóigica e não primam por cumprir o que está escrito nos seus princípios. A política atual se assenta princípios individuais, de pessoas, não de organizações. Há projetos pessoais, não coletivos.
Justamente por isso é que o eleitor tem dificuldade de identificar qual é a boa e a má política. Os políticos tem planos pessoais e usam os partidos como espaço para viabilizá-los. Deveria ser o contrário: os partidos tem projetos e os políticos deveriam se enquadrar nestes projetos para viabilizar o projeto do partido.
A existência de mais de 27 partidos políticos no Brasil e outros 16 em processo de legalização mostra que fica difícil para o eleitor visualizar quais as diferenças ideológicas em tantas opções. Este embaralhamento de siglas, a maior parte de aluguel, acabam gerando, no eleitor uma confusão política que definitivamente atrapalha a democracia.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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Um protesto unificado contra Yeda
A charge aoi lado retrata a visão dos servidores sobre o govenro Yeda.
Olala,
Dia 30 de março uma dezena de entidades programou um protesto unificado contra as ações da governadora Yeda, contra o risco dos trabalhadores terem que arcar com os custos da crise que se abateu no mundo e também no Brasil depois que os Estados Unidos entraram em recessão.
O ato tem que ser visto como um instrumento legítimo da classe trabalhadora. Protestar e reivindicar é um direito consagrado na Constituição no artigo que trata das garantias de direitos individuais de todo o cidadão.
A crise deste momento é especialmente mais nefasta para as categorias trabalhadoras porque encontram menor força de resistência em virtude do enfraquecimento geral a que estão submetidos as entidades de classe. O capital e os governos estão confortavelmente associados e não correm risco porque restaram poucas entidades combativas dos trabalhadores. A letargia e a passividade tomaram conta dos indivíduos e contagiaram as organizações dos trabalhadores nos últimos anos. Este talvez seja o maior triunfo das políticas neoliberais: convencer o trabalhador e suas entidades de que não vale mais a pena lutar.
Sou daqueles que acham indispensável a luta de classes para fazer a sociedade avançar. Estou convicto de que somente a pressão organizada garante ou amplia direitos.
Os atos no RS iniciam simbolicamente diante da Gerdau simbolizando a preocupação dos trabalhadores com o emprego, seguem em caminhada até a rua Sete de Setembro onde se localizam as agências dos principais bancos, imunes e também beneficiados no momento de crise. A caminhada culmina no Palácio Piratini onde protestam contra a violência, a corrupção e o autoritarismo de uma gestão estadual que está ameaçando destruir direitos dos trabalhadores, atacando suas organizações sindicais.
Protestar é preciso, especialmente quando milhares de trabalhadores têm seu emprego ameaçado. É neste momento que se verifica a real vocação social das empresas.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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terça-feira, 24 de março de 2009
Formação continuada de professores em serviço
Olala,
Quero abordar aqui o tema da formação que, a meu ver, tem ligação direta com a qualidade da educação no Brasil. Vivemos num mundo em constante evolução e a atualização docente é uma obrigatoriedade de todo o gestor público.
A formação continuada em serviço praticamente não existe. No RS, a mantenedora chama de formação continuada a realização de duas ou três jornadas anuais onde os professores se reúnem aos sábados para ouvir palestras de gestores educacionais.
Quero aqui recolocar o que outras redes de ensino, como a França, consideram como formação continuada em serviço. Lá, a cada oito anos de magistério, o professor, deixa a sala de aula e retorna a uma Universidade para realizar dois anos de atualização docente. Os Instituts Universitaires de Formation des Maîtres são universidades públicas que atualizam o conhecimento e as didáticas utilizadas pelo professor na sala de aula. Tudo pago pelo estado nacional, com certificação e sem perda das vantagens de carreira para o professor. Naquele sistema, ao logo de uma vida, um professor que leciona 30 anos, terá tido três etapas de formação continuada na sua disciplina específica.
A geração atual de professores se formou sob a égide da mudança tecnológica. Vivemos a revolução da informática. Os professores dos atuais professores nunca ouviram falar de computador e nós temos que educar a geração que usa a informática como elemento vital para a inserção no marcado de trabalho. É, pois, imprescindível que a geração dos atuais professores passem por um aggiornamento tecnológico qualificado. Não se pode admitir que "palestras" eventuais supram esta lacuna gerada pelo desenvolvimento.
Quando se fala em qualidade na educação, é preciso ter presente que não se confere qualidade à escola pública sem ter professores motivados, atualizados e bem pagos. Os países que alcançam altos índices de desenvolvimento chegaram lá porque investiram na educação. Não dá para ter qualidade aplicando somente 3,8% do PIB nacional em educação. Nem mesmo a obrigação constitucional dos Estados, de aplicar 35% na educação está sendo cumprida.
Sou professor de uma escola pública que tem mais de 130 professores. A escola, que é tida como referência, não possui sequer um computador à disposição dos professores para elaborar provas ou imprimir trabalhos. O xerox tem sua disponibilidade limitada à realização das provas semestrais. A biblioteca tem carência de livros novos. Os laboratórios de informática precarizados, sem manutenção e sem monitoria.
Este é o espaço onde pretendemos construir as gerações do futuro.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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domingo, 22 de março de 2009
Polícia e Justiça contra a Brasil Telecom
O desafio hoje é aderir à tecnologia sem ser escravizado por ela. Aprendemos que o domínio tecnológico é imprescindível para os dias atuais. Quem não domina o computador ou não tem o domínio do inglês pode se declarar maio fora do mercado de trabalho.
As gerações novas tem a obrigação de aprender as novas tecnologias. Cada vez menos vai-se ao banco, ao correio, ao cinema, às compras, ao passeio... Tudo pode ser feito sentado em casa diante de um lap top, no screen de um celular ou na frente do PC. Se a vida ficou mais fácil, também ficou mais chata.
Pedir uma pizza por e-mail, programando a hora de chegada, perde a graça. Fico imaginando quantas pessoas perderam o emprego nos correios depois que surgiu o correio eletrônico. E as casas de discos e CDs, locadoras de vídeo, laboratórios fotográficos, tudo com os dias contados! A Internet resolve tudo. Uma máquina digital detonou os filmes de 12-24 e 36 poses. Lembra?
Mas, tudo isso tem seu preço. Se assusta pelo número de desempregados que gera, há também uma infinidade de oportuniades novas que suscita. Quem se prepara pra os novos tempos, tenta sobreviver.
Nisso tudo há também a ganância das operadoras da nova tecnologia. No RS, a telefonia iniciou o desenvlvimento com a ATT, depois virou CRT, foi privatizada e virou Telefônica até ser comprada pela Brasil Telecom que é agora repassada à Oi. Nesta dança da gestão, o deterioramento dos serviços.
Depois de pagar caro pelo serviço ADSL, mudei o plano da Brasil Telecom para outra operadora. Isso aconteceu em 3 de outubro passado. Pois, embora tenha suspenso e cancelado o serviço, as faturas continuam chegando mês-a-mês. O incrível é que liguei várias vezes para o call center e não consegui suspender as contas mensais. Seis meses após, protocolei uma carta à empresa para cancelar definitivamente os serviços da Brasil Telecom. Como continuaram mandando as contas, fiz registro na Polícia e ajuizei ação na Justiça. Vou ver no que vai dar.
Sem alternativas, saltei para a Net. Espero ser melhor tratado. Vamos ver.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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Yeda e o Estado mínimo
Escola estadual situada ao lado do Palácio Piratini ostenta, no portão de entrada, uma faixa de empresa privada que comercializa a educação, oferecendo, inclusive seu número de telefone para contato. Imagem denuncia o descaso com a educação pública no RS.
Olala,
O Brasil da Primeira República, até 1930, teve a educação fortemente influenciada pelas escolas particulares. O Estado estava ausente e a tarefa de educar era tarefa do ensino privado, em geral com forte influência confessional.
Na década de 30, com a Queda da Bolsa de Nova Iorque, as oligarquias paulistas que dominavam tiveram uma baixa na exportação de café tendo que recorrer a outras alternativas de desenvolvimento. Foi aí que chamaram Anísio Teixeira que passou a esboçar diretrizes para a educação no país.
No momento de crise, era preciso apelar ao Estado para que entrasse na área da educação, visando organizá-la e normatizá-la.Até então, a escola privada dominava a educação.
Nos 80 anos seguintes, surgiram escolas públicas em vários níveis e modalidades. A educação passou a ser um direito do cidadão e dever do Estado.
Vez por outra, alguns governos esquecem este dever e fazem o movimento contrário. De certa forma é o que acontece atualmente no Rio Grande do Sul. O Estado está deixando de investir na Educação. No ano passado, somente 26% do orçamento público foi investido em Educação. Isto representa mais de R$ 300 milhões a menos para investir na melhoria do ensino estadual.
Esta economia leva a um brutal arrocho salarial no magistério e a um sucateamento das escolas, onde os recursos de manutenção são quase nulos, bibliotecas, laboratórios, segurança estão carentes de pessoal qualificado e fechados.
Mas, para a felicidade geral da gestora, o Estado ostenta um Superávit nas contas, cantado e efusivamente publicizado.
Só não disse a governadora que este superávit e o arrocho salarial visa atender às exigências do Fundo Monetário Nacional que só libera os U$ 1,1 milhão solicitados se houver uma redução de investimentos no serviço público. É por isso que Yeda fecha escolas e repassa alunos para os municípios, paga mal seus servidores, sucateia a segurança, privatiza presídios, enfim, aplica, na prática, a tese do estado mínimo.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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terça-feira, 17 de março de 2009
Um ladrão ao lado do Palácio
Ao lado, imagem do "ladrão", e as campanhas de preservação de água feitas por órgãos da Prefeitura da capital e do Estado
Olala,
Vão dizer que estou no pé da governadora. Não é verdade. É muito provável que ela nem chegue a ler o que escrevo neste texto.
Há dois meses, passando pela rua General Auto, 122, que ladeia o Palácio Piratini, constatei que um cano de cerca de 15cm de diâmetro jorrava água limpa e potável para a rua. Pensei que o "ladrão" jorrava água temporariamente de algum conserto no palácio. Achei normal.
Dois meses após, voltei a cruzar na rua e, qual minha surpresa: lá estava o "ladrão" jorrando água límpida e abundante. Como meu carro estava meio sujo e eu sou meio gringo, pensei e estacionar e dar uma lavada. Mas, segui adiante.
Ocorre que o tal do "ladão" fica também ao lado da escola estadual Paula Soares que tem o privilégio de dividir com o palácio o terreno. Na escola, ninguém percebeu o ladrão, embora jorre há poucos metros do portão de acesso. Quero crer que a tal da água que jorra livre não emana de uma fonte natural sediada no topo do Palácio. Ainda assim, tal água mereceria não poderia acabar no desperdício.
Fico imaginando quanta água perdida em dois ou mais meses de desperdício. Toneladas de água pelo ralo. Aí entro no site da Corsan e DMAE percebo campanhas de conscientização visando preservar água tratada. Que contradição!
Imagine: você cidadão comum, deixaria um cano jorrando na porta de casa por meses? Ficaria insensível a isso? Pois, na casa de trabalho da governadora um "ladrão" se encarrega de levar para o ralo muito dinheiro.
Indignado, liguei para a Corsan (3215.5600) e me disseram que o problema é com o DMAE. Liguei para o DMAE (115), anotaram minha reclamação mas nada foi feito. A escola lavou às mãos e, convenhamos, não iria protocolar uma reclamação contra a governadora.
Resta-me este desabafo, na espera que este fato caia na rede de alguém de sensibilidade capaz de por fim a este "ladrão" que convive nas cercanias do Piratini.
Espero não ter que convidar vocês para "comemorar" o próximo dia 22 de março - Dia internacional da água - com um bolo de aniversário no local.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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sábado, 14 de março de 2009
"Água na panela fervendo"
Olala,
Das muitas explicações que ouvi para a crise, uma me chamou atenção e faço questão de socializá-la neste espaço.
Trata-se da análise feita pelo presidente Lula, quando perguntado sobre porque o governo não coloca dinheiro público nas empresas que estão em dificuldades.
Lula, na sua sapiência de operário-presidente saiu com esta comparação:
- É claro que, quando a panela começa a ferver demais, tem que colocar água, senão a panela vai queimar. Mas, é importante saber até quando vamos colocar água na panela e pra cozinhar o quê? Não adianta colocar água numa panela que já não tem nada dentro, onde tudo já foi retirado e só sobra o fundo queimando. O governo só vai colocar água nas panelas que estiverem preparando comida, que ainda podem alimentar o povo!
De fato, Lula tem razão. Muitas empresas desviam o lucro, capitalizando os diretores com aquisição de bens, terras, investimentos no mercado financeiro feitos na pessoa física e deixam a pessoa jurídica em apuros. Assim, embalados pela crise, fica mais fácil receber verbas públicas.
É, ao que parece, o que está acontecendo com empresas gigantes nos Estados Unidos como o City Bank, a GM, a Chraysler ue não cessam de pedir dinheiro a Obama.
Dinheiro público deve financiar investimentos que revertem em benefício da cidadania, portanto ajudar sujeitos coletivos. Do contrário, seria jogar dinheiro pela janela.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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sexta-feira, 13 de março de 2009
2010 já começou (PT) V
Olala,
Em 17 de janeiro passado dei o meu primeiro pitaco sobre a eleição de 2010. Na minha modesta análise da época, avaliando como possíveis candidatos do PT comecei relacionando como pré-candidatos Olívio Dutra, Tarso Genro, Paim, Fontana, Rosseto, Pepe e Ari Vanazzi.
Dois meses após, Olívio Dutra - que teve o apoio da corrente Articulação de Esquerda - anuncia que não é candidato a governador, deputado ou senador em 2010.
Conversas particulares com lideranças de outras forças políticas dentro do PT fizeram o principal nome do PT no Estado a declinar da possibilidade de ser candidato.
Olívio não revela o teor dos diálogos que o fez declarar-se fora da disputa.
Ato contínuo, novo cenário se forma. A Articulação de Esquerda que havia emprestado apoio a Olívio, decide lançar Ari Vanazzi, o prefeito mais bem votado em 2008 e que nunca perdeu eleição. É o sangue novo no pleito. Se apoiado por todo o PT e com apoio do PDT e, possivelmente com o PTB, será imbatível.
A retirada de Olívio ativa outras frentes. Uma delas é a dos aliancistas de Brasília, determinados a colocar na disputa um candidato que represente a concepção centrista e mais à direita do PT. Neste sentido, o nome poderia ser o de Tarso Genro ou remotamente Henrique Fontana.
Dilema será vivido pela DS que irá avaliar se disputa com candidato próprio, no caso, o mais cotado seria Pepe Vargas, ou se reedita a polêmica Mensagem aderindo à candidatura de Tarso Genro.
O certo é que, a disputa ficou interessante depois da retirada de Olívio, e a decisão pela definição do candidato do PT deverá ser avaliada pela base em encontros do partido e num encontro estadual marcado para este fim.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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quarta-feira, 11 de março de 2009
Fórum protege a Brasil Telecom
(Há dois anos no Forum, funcionários da Brasil Telecom atendem consumidores visando dissuadí-los a entrar com açõeos judiciais contra a empresa)
Olala,
A justiça gaúcha, de primeira instância, delegou da tarefa de defender os pobres. Incrível! Descobri que a empresa Brasil Telecom conseguiu um espaço privilegiado no terceiro andar do Fórum de Porto Alegre.
Fui até o Juizado Especial de Pequenas Causas, no Fórum, visando represantar contra a Brasil Telecom que se recusa a cessar de enviar faturas depois que autorizei o cancelamento dos serviços (telefone, ADSL) oferecidos pela companhia há seis meses.
Para minha surpresa, quando cheguei ao juizado, fui informado que, no Fórum, há uma sala especial denominada "Audiência Sumária" que atende consumidores que se julgam lesados pela Brasil Telecom.
Na sala, no terceiro andar, estão sempre duas atendentes se dizendo representantes da Brasil Telecom que se revezam atendendo o público. Estão numa sala reservada equipada com computador. A tarefa das atendentes: persuadir os consumidores a efetuar acordos com a companhia evitando que ajuizem ações na justiça.
Vejam bem, a sala da empresa privada fica justamente ao lado da sala da Defensoria Pública, o que remete ao fato de que deve haver conivência nos encaminhamentos. O estranho é que no espaço, havendo acordo sumário, a decisão é homologada por um juiz. Ora, como acreditar que a pessoa recorrendo á justiça, encontre na casa, como hóspede, quem deveria ser réu. Será que os juízes retiraram a toalha e relegaram a tarefa de defender os pobres!
Estranho, não? Como uma empresa privada pode ter sala reservada no Fórum? Que privilégio é este que faz uma instância da Justiça abrir espaço para uma empresa privada negociar os litígios contra os consumidores? Que independência guarda a Justiça se hospeda em suas dependências uma empresa geradora problemas aos consumidores?
Assisti a inconformidade de uma senhora que saiu p. da cara da sala da Brasil Telecom. Ela me indagou sobre a quem deveria recorrer se, no Fórum, foi dissuadida a continuar buscando justiça para seu problema.
Há algo errado neste procedimento. A cidadania pede providências.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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Fazer e não divulgar e como não fazer
Olala,
Este comentário vai para chegou na gestão pública através de eleições. Ou melhor, sendo mais direto, vai para o presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados, vereadores, todos eleitos pelo voto direto na democracia que nosso país vive.
Pois bem, todos estes devem estar conscientes de que "fazer muito e bem, não adianta nada se não for divulgado".
Diferentemente da gestão na iniciativa privada onde os diretores não precisam se submerter, de tempos em tempos, ao crivo do eleitor, o gestor público precisa lograr a confiança pública para continuar no poder ou fazer seu sucessor.
Um governo só será bom se tiver comunicado suas bondades ao eleitor. Fazer e não divulgar e como não fazer em serviço público.
Todo o gestor público tem a obrigação de divulgar as ações de sua gestão. É condição indispensável do governante organizar o setor de comunicação para que informe as ações em andamento. Pode ser uma secretaria ou assessoria. Um setor que tenha orçamento suficiente e planeje as ações a médio e longo prazos.
Neste sentido, é preciso aproveitar bem o espaço da tevê, do rádio local com inserções diárias, dos jornais com textos e anúncios, do site na internet, na elaboração de banners, faixas, folheto e cartaz de cada ação importante. Um prefeito que queira se eleger ou fazer seu sucessor não pode prescindir da publicação bimestral ou trimestral de um jornal com o resumo das ações desenvolvidas no período.
A ação de comunicação tem que ser prioritária para quem faz muito. Só é desnecessária para quem tem poucas ações ou não vê motivo para continuar no poder.
Não basta apenas o gestor mencionar as ações nas falas públicas, é preciso alcançar o eleitor de forma material.
Faço estas observações firmado pela experiência prática da gestão em comunicação pública. Já vi governadores se lamentando que fizeram muito e falharam na comunicação.
Quem quer sobreviver, tem que pensar na comunicação. Dar publicidade a ação pública é dever de todo o governante.
Afinal, nem sempre os gestores de todos os partidos poderão contar com o presidente Lula como cabo eleitoral influenciar na eleição.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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terça-feira, 10 de março de 2009
Geração codificada
Olala,
Daqui a pouco não será mais necessário portar identidade para ser identificar-de. Toda a galera já está carimbada. Que bom. Isto é sinal de que o país vive numa democracia.
Fico me perguntando o que aconteceria se esta geração de brinco na orelha, no nariz, no lábio na língua e em muitos outros locais do corpo, essa galera jovem que traz tatuado no corpo os seus símbolos... se estes jovens sofressem um revés como os cinquentões viveram no período da ditadura.
Hoje a juventude estaria toda marcada. Na geração que viveu o regime militar era proibido ter marcas no corpo. Uma marca no corpo era mortal e servia para ser identificado pelos órgãos públicos que tratavam da repressão.
Uma verruga no pescoço, um sinal na perna direita, sobrancelhas grossas, sinal de corte no braço direito, olhos castanhos, cabelos loiros e por aí afora. Muitos jovens odiavam ter sinais pelo corpo. Um sinal característico acabava na ficha fatídica da repressão.
Hoje os tempos são outros. Que bom! Nenhum jovem pensa mais em se esconder com medo da polícia. Não há teen que não carregue uma tatuagem gravada no corpo. Os olhos castanhos se tornam azuis pelas lentes de contato, a arcada dentária já não é mais torta e dentes são repostos, o cabelo castanho vira multicor...
É bom viver neste tempo. A juventude na sua exuberância multiforme revela que não há limite para se cultivar a diversidade. Então, viva a liberdade.
Pense nisto, enquento há tempo!
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segunda-feira, 9 de março de 2009
Os ambulantes fixos de Fogaça
(Prédio-garagem que fixa os "ambulantes" em Porto Alegre, à direita >)
Olala,
Inédito! Em Porto Alegre, Fogaça teve a proeza de tornar estático o que historicamente é móvel. Congelou duas centenas de ambulantes em postos fixos num espaço comercial elevado e postado sobre paradas de ônibus.
A decisão foi verticalizada. O prefeito decretou que as ruas do entorno da prefeitura não podiam mais conter ambulantes. E, para isso, convocou os empresários e mandou construir um Camelódromo para onde todos foram sumariamente empurrados.
O prefeito se apoiou na idéia de que o centro de uma cidade deve ser limpo, ruas largas, abertas. Atendeu os desejo dos comerciantes estabelecidos que queriam ver livre a frente das lojas. Para acatar o desejo dos comerciantes, sobrou para os pobres e sobreviventes vendilhões. Gente simples que não teve acesso à escola, se defendia como camelô ao ar livre. Gente que vive correndo o risco de ver toda a mercadoria confiscada nas intermináveis viagens de um comércio exterior, clandestino, até o distante Paraguai. Essa gente que se obriga a passar jornadas nas estradas em ônibus fétidos e inseguros agora ganham loja fixa. Já não são mais ambulantes. São minicomerciantes estabelecidos.
Agora eles têm fatura mensal para pagar, conta de luz e alvará do estabelecimento. Existem de direito e são enquadrados como camelôs de luxo.
Mas, para quem nasceu acostumado na liberdade da rua, fica difícil o aprendizado do comércio regrado. Nos primeiros meses, muitos "permanentes" reclamaram. Sumiram os clientes. Subir escadas parece não ser prática dos consumidores de rua.
Em todo o caso, se um dia você cruzar pela capital dos gaúchos, Porto Alegre, e não cruzar mais com ambulantes é porque eles foram sumariamente escondidos. Só o tempo dirá se a medida foi correta.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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O Brasil dos consensos
Imagem: em resumo, o mapa da riqueza no mundo. O tamanho da área de cada país é representado em proporção da riqueza mundial, segundo o Produto Nacional Bruto de cada nação. (Image: © Copyright 2006 SASI Group (University of Sheffield) and Mark Newman (University of Michigan).
Olala,
Meu filho que está nos USA escreve texto em que refere a visão daquele país sobre o Brasil. Cita matéria da Time, onde os economistas dizem que o Brasil se planeja olhando para o passado e precisa olhar para a frente.
Veja as considerações:
"Leitura inspiradora para brasileiros: The One Country That Might Avoid Recession Is. Interessante reflexão da revista Time sobre o Brasil em tempos de crise financeira mundial, ainda que um pouquinho otimista demais. O Brasil parece estar virando exemplo nos EUA de como fazer as coisas certas. Gostei da visão de que uma das poucas heranças positivas que Lula adotou do nosso passado português imperial é a capacidade de construir consensos. Quando li isso, parei. E pensei.
Via de regra, a historiografia e sociologia brasileiras fazem uma leitura um tanto negativa do passado brasileiro. Fomos colonizados por portugueses - europeus burocráticos, que de tão retrógrados apoiaram a escravidão até a morte (outros países tiveram que nos convencer de que a escravidão não era um bom negócio). O resultado é uma cultura de trabalho pobre, que teme a tomada de riscos, em que trabalho é sinônimo de sofrimento, o que, última análise, justifica nosso atraso em relação ao andar de cima.
Sinceramente, reproduzir essa versão da história só vai nos levar a continuar inferiores, continuar lamentando nossas "desvantagens competitivas", continuar justificando nosso eterno título de país do futuro. De algum jeito, isso tem que mudar. Se quisermos vencer competindo em nível mundial com indianos, chineses, americanos, europeus e japas, temos que nos agarrar ao que temos de melhor, de único e ao que nos dê orgulho, e criar negócios em torno disso. E reproduzir esse exemplo. Reproduzir incansavelmente. Multiplicar por cem. Multiplicar por mil. Multiplicar por um milhão. Reproduzir em escala planetária. Exponencial. Só assim conseguiremos escalar a "montanha" do desenvolvimento e deixar de contemplar outros países como exemplo. Só assim deixaremos de contemplar o Everest. Acordemos: quem faz o Everest somos nós, portanto, mãos à obra: quem se habilita?
Observe: ninguém no mundo tem a capacidade brasileira para construir consensos. Se alguém conseguir aplicar essa capacidade em novos negócios para os quais essa habilidade é essencial, bem vindo à fórmula do sucesso. Vou começar a procurar oportunidades de negócio no sistema judiciário. Empreendedores de plantão, é hora de agir. Assim, quem sabe, daqui a cinqüenta anos, nossos netos possam aprender que o Brasil deu certo por causa, e não apesar, de seu passado."
Acima o mapa mostrando o PIB de cada país, em escala mundial. Percebe-se que a América Latna como um todo, anda encolhida!
Pense nisto, enquanto há tempo!
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sábado, 7 de março de 2009
Alavancagem e crise
Olala,
Existem palavras técnicas que são utilizadas diariamente na imprensa e que o cidadão medianamente letrado não entende. Os jornais deveriam ser proibidos de abordar termos técnicos, sem explicá-los. Refiro-me a palavra: alavancagem.
O termo veio à tona com a crise mundial da economia, recentemente.
Alavancagem consiste no seguinte: vamos supor que você é dono de uma casa e precisa de dinheiro para comparar um carro. Então você vai no banco pede um financiamento para ir na revenda comprar o carro. Como garantia você hipoteca sua casa que, deveria equivaler ao preço do carro.
Mas, você precisa também comprar uma máquina. Então você vai na revenda de máquinas e novamente hipoteca sua casa para comprar a máquina de que você precisa. Assim, enquanto os credores forem lhe fornecendo crédito, você vai hipotecando sua casa.
Passado algum tempo, você perdeu o emprego e não consegue pagar as prestações de seu automóvel, de sua casa, de sua viagem... Aí o banco aparece para lhe tomar sua casa que está hipotecada. Mas, o valor da casa já não cobre a dívida e o banco também perde receita. Sem a receita, ele não tem dinheiro para emprestar ao comércio, à indústria para que financie novas vendas e produtos.
Sem liquidez, a economia começa a estagnar. O dono perde sua casa, o banco não recebe os pagamentos, o governo não recebe os impostos, enfim, cria-se um ciclo de crise em cadeia. Tudo gerado pela falta de garantias nos financiamentos e excesso de confiança tanto de clientes como de bancos.
Imagine que, ao invés de uma casa, são milhões de casas dadas como garantia aos bancos. É justamente isto que aconteceu nos Estados Unidos da América. Além de ver as casas caindo de preço, muitos bancos viram crescer a inadimplência dos pagamentos. E a crise bateu às portas do pais mais rico do mundo que concentra, sozinho, 24% do PIB do planeta e 30% do comércio mundial.
Esta falsa garantia dos cidadãos e empresas americanas se chama alavancagem. É, em grande parte, por causa dela que o mundo hoje fala de crise.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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terça-feira, 3 de março de 2009
Salário do professor gaúcho - Baaah!
Olala,
Esta semana retornei, como mais de cem mil professores, à sala de aula. Só no Estado do Rio Grande do Sul são mais de 83 mil ativos, para responder por mais 1,6 milhão de alunos em 2.620 escolas.
Ser professor é uma das atividades mais gratificantes para o ser humano. Viver a experiência do magistério não é tarefa fácil. Alguns a fazem por opção, outros por necessidade de sobrevivência.
Não há como admitir que a Educação ainda não é prioridade num país continental como o Brasil. Enquanto noutros países o PIB destinado à educação chega a dois dígitos, no Brasil não alcança 4%.
Reflete-se isto no salário do professor. Lecionando Psicologia no Colégio Estadual Protásio Alves na capital e indagado sobre meu ganho mensal, ouví dos alunos um longo e inquietante Baaaah! ao responder que o Estado paga míseros R$ 684,08 de básico mensal. Valor muito inferior ao que muitos deles recebem como estagiários.
Nem mesmo as três faculdades (Filosofia, Jornalismo e Publicidade) e a Pós em Comunicação, servem para levar o Estado a reconhecer o salário dos servidores. Avaliando bem, minha hora-aula vale exatos R$ 8,55 ou menos que quatro fixinhas de ônibus.
Com certeza, os educadores que estão ajudando a construir as novas gerações, pelo menos no Estado do Rio Grande do Sul, não o fazem por dinheiro!
Paulo Freire, eterno educador, ensinou que aprendemos durante toda a vida. Quando um indivíduo se julga completo, está morto. Enquanto respiramos, cultivamos a vontade de ensinar e de aprender. Assim deveria ser com todos.
Mas, sinceramente, não há como silenciar e não indignar-se com tamanho descaso.
Pense nisto, enquanto há tempo!
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domingo, 1 de março de 2009
Roubaram o significado da palavra América
Olala,
Li artigo do professor de Direito, Jarbas Lima, em que elogia o presidente Obama por acabar com a prisão de Guantánamo. A certa altura, ele cita a contribuição de um escritor francês, Alexis de Tocqueville, que viajou para os Estados Unidos, estudou o sistema prisional e escreveu um livro que fez história sobre o tema: "A Democracia na América"(1835). Alexis passou nove meses em viagem pelos Estados Unidos, tomando notas não só acerca das prisões, mas sobre todos os aspectos da sociedade americana, incluindo a sua economia e o seu sistema político, então único no mundo.
Minha indignação não se refere as conclusões da obra, mas ao significado que a obra dá ao termo "América" e que é reproduzida pelo jurista Jarbas.
Na maior parte das abordagens, o termo América se refere apenas aos Estados Unidos, desconhecendo que "americanos" somos todos os que habitam o continente.
Um desserviço foi prestado recentemente pela rede Globo que produziu uma novela com o título "América" em referência ao país do Norte que recebe milhares de migrantes.
Por isso, toda a vez que você fizer referências aos Estados Unidos, não use o termo América, mas norteamericano ou estadunidense. Ou se preferir, green go, (lá vem os verdes) referência dada pelos mexicanos aos soldados norteamericanos que avançavam para o Sul na expansão das fronteiras, no início da colonização naquele país.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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Li artigo do professor de Direito, Jarbas Lima, em que elogia o presidente Obama por acabar com a prisão de Guantánamo. A certa altura, ele cita a contribuição de um escritor francês, Alexis de Tocqueville, que viajou para os Estados Unidos, estudou o sistema prisional e escreveu um livro que fez história sobre o tema: "A Democracia na América"(1835). Alexis passou nove meses em viagem pelos Estados Unidos, tomando notas não só acerca das prisões, mas sobre todos os aspectos da sociedade americana, incluindo a sua economia e o seu sistema político, então único no mundo.
Minha indignação não se refere as conclusões da obra, mas ao significado que a obra dá ao termo "América" e que é reproduzida pelo jurista Jarbas.
Na maior parte das abordagens, o termo América se refere apenas aos Estados Unidos, desconhecendo que "americanos" somos todos os que habitam o continente.
Um desserviço foi prestado recentemente pela rede Globo que produziu uma novela com o título "América" em referência ao país do Norte que recebe milhares de migrantes.
Por isso, toda a vez que você fizer referências aos Estados Unidos, não use o termo América, mas norteamericano ou estadunidense. Ou se preferir, green go, (lá vem os verdes) referência dada pelos mexicanos aos soldados norteamericanos que avançavam para o Sul na expansão das fronteiras, no início da colonização naquele país.
Pense nisto, enquanto há tempo.
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